Filho de Carlinhos de Jesus é sepultado no São João Batista

Felipe Martins
O corpo do músico Carlos Eduardo Mendes de Jesus, 32 anos, filho do coreógrafo e dançarino Carlinhos de Jesus, foi sepultado ontem no Cemitério São João Batista. Cerca de 200 pessoas acompanharam o cortejo aplaudindo e cantando sambas.  Dudu de Jesus, como era conhecido, deixou um filho, Juan, de oito anos. O menino ficou ao lado do caixão do pai e, muito emocionado, precisou do amparo do avô.  Dudu foi assassinado com oito tiros em Realengo, Zona Oeste da cidade, por volta de 4h de sábado na saída de um show da banda em que cantava e tocava.
Ele era vocalista e cavaquinista do grupo Samba Firme. Após uma apresentação no bar Boteko Carioca, na Rua Marechal Fontenelle, o cantor conversava na parte externa quando dois homens em uma moto se aproximaram. Um dos criminosos saltou do veículo e fez os oito disparos.  Os dois bandidos fugiram em alta velocidade.
Amparado por amigos e sob medicação, Carlinhos de Jesus afirmou acreditar na investigação policial.
“A dor é muito grande. Meu filho era um grande artista. Só queria cantar, tocar e namorar. Viveu bem, mas Deus quis assim. Eu estou muito confiante no resultado das investigações Certamente essa barbaridade vai ser apurada”, declarou.
Integrante da banda Samba Firme, o violonista Leonardo dos Santos, afirmou ter apenas ouvidos os tiros que mataram o amigo.
“Eu estava dentro do bar guardando os instrumentos e ouvi os tiros vindos do lado de fora. Eu tentei socorrer, mas não adiantou. O Dudu era uma pessoa do bem, nunca ouvi falar de problemas dele com ninguém”, contou.
Dudu de Jesus chegou a ser levado ao Hospital Albert Schweitzer, mas já chegou morto. Em uma última mensagem para o pai no microblog Twitter,Dudu postou: “Bom dia…Deus está contigo”. O músico foi enterrado sob aplausos e com a bandeira da Mangueira sobre o caixão.
No sábado, o governador Sérgio Cabral compareceu ao velório ao lado da mulher Adriana Anselmo.
“Vim como amigo da família. A parte policial está sendo cuidada agora”, limitou-se a dizer o governador.
Investigações
A Divisão de Homicídios (DH) está investigando o crime. Os policiais vão analisar as imagens do circuito interno de vídeo do bar, de um depósito de gás e de um supermercado para tentar identificar os criminosos. Durante a semana, depoimento de amigos e familiares serão colhidos. Os integrantes da banda já foram ouvidos.  A DH trabalha com a hipótese de execução, mas não descarta a possibilidade de latrocínio, roubo seguido de morte.
Amigos prestaram solidariedade a Carlinhos de Jesus
Integrantes da Estação Primeira de Mangueira, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente de Padre Miguel prestaram as últimas homenagens a Dudu de Jesus no Cemitério São João Batista. Uma das maiores porta-bandeiras da história do Carnaval, Maria Helena, da Imperatriz, lembrou com carinho do amigo.
“Conhecia ele desde que ele tinha quatro anos de idade. Uma pessoa maravilhosa. Nunca deixou de ser uma criança, sempre rindo, sempre brincando. Ele dizia que ainda iria dançar igual ao Chiquinho (mestre –sala, filho de Maria Helena). Quando eu soube, passei mal minha glicose estava em 380. Parece que o filho também era meu”, lamentou.
O atual diretor da Liga das Escolas de Samba (Liesa) e ex-presidente da Mangueira, Elmo dos Santos lembrou o desfile de 1999 da agremiação, quando Dudu interpretou Cartola na comissão de frente criada pelo pai Carlinhos de Jesus.
“Quando o Carlinhos fazia nossa comissão de frente, o Dudu interpretou o nosso Cartola. E quando eu cheguei ontem no velório, Carlinhos disse “perdemos nosso Cartola”. Aquilo me deixou muito emocionado. O samba está de luto”, disse Elmo.
O cantor Neguinho da Beija-Flor também esteve no velório. A bailarina Ana Botafogo, que se apresentou em espetáculos ao lado de Carlinhos de Jesus, foi ao cemitério prestar solidariedade ao parceiro de dança.
“Uma perda irreparável. O Dudu tinha uma vida pela frente. Gostava muito do que fazia. Perder um filho não deve ser nada fácil. Nós amigos estamos aqui para tentar reerguê-lo diante dessa tragédia”, declarou Ana Botafogo.

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