Charretes com os dias contados em Queimados
Após o Carnaval, cidade passa a implementar lei estadual que não permite transporte por tração animal. Prefeitura pretende absorver mão de obra dos Charreteiros
A partir da primeira segunda-feira após o Carnaval, dia 15/02, a Prefeitura de Queimados passará a cumprir a Lei Estadual n° 7.194/16, sancionada pelo governador Pezão, que proíbe o uso de animais de tração para transporte de materiais, cargas ou pessoas em charretes e carroças no Estado do Rio. A lei põe fim a um serviço que tem gerado reclamações recorrentes dos moradores do bairro Nova Cidade, tais como cheiro forte de urina, fezes de animais espalhadas nas ruas, riscos de transmissão de doenças, falta de segurança adequada no transporte de pessoas, maus tratos de animais, além de denúncia de trabalho infantil.
Antes da implementação da lei, porém, a Prefeitura vai cadastrar os carroceiros na próxima segunda-feira, dia 01/02 – nos pontos de embarque e desembarque de materiais de construção e no ponto onde ficam concentrados, no bairro Nova Cidade -, para que eles sejam recolocados no mercado de trabalho e possam manter o sustento de suas famílias. O prefeito Max Lemos se reuniu com os charreteiros nesta quarta-feira, 22/01, na sede da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito.
“Todos os interessados terão uma oportunidade de emprego nas áreas de conservação pública e limpeza urbana da própria Prefeitura. É só se cadastrar que já assinaremos a carteira. É uma chance que estamos proporcionando para essas pessoas mudarem suas vidas para melhor”, disse Max Lemos.
De acordo com o ele, em 2013 houve um diálogo com a classe para tentar solucionar o caso das Charretes. “Conversei com eles há dois anos e fiz as mesmas propostas para tentar ajudá-los. A intenção não é prejudicar ninguém, mas apenas cumprir a lei estadual. Na época, nenhum deles manifestou interesse em fazer um curso técnico e/ou trabalhar com carteira assinada”, salientou o prefeito.
Mas os charreteiros José Carlos Botelho e Delzi Paixão, por exemplo, já anteciparam na reunião desta quinta-feira que vão aceitar a proposta de emprego. “Acho melhor trabalhar de carteira assinada e receber em dia que perder meu sustento. Ser charreteira é uma necessidade não uma opção”, contou Delzi. Um dos mais antigos da região, José Carlos disse que trabalha como charreteiro desde 1985 e que vai aceitar o emprego. “Sei que será uma boa oportunidade”, disse ele, que também faz “bicos” como eletricista, pintor, segurança e viga para complementar a renda.
Um plano de ação foi elaborado pelos órgãos do governo em parceria com a Polícia Militar. De acordo com o secretário de Transporte, Segurança e Trânsito, Elias José, os animais serão encaminhados para um curral particular legalizado e as carroças recolhidas para um depósito público provisório, localizado no bairro da Porteira. Segundo ele, para a retirada das charretes, os proprietários terão que pagar multas. “Acredito que nada disso será preciso, pois demos ciência a eles da legislação publicada pelo estado e que teremos que cumprir. O prazo de mais de um mês para adequação foi justamente para que eles não saíssem prejudicados. Fiz questão de ir até o ponto das charretes para informar sobre a lei e o fim do serviço de charretes”, explicou o secretário.
Detritos despejados no solo podem causar doenças
Segundo a veterinária Angela Priscila Medeiros, que atua no setor técnico de monitoramento e controle de Zoonoses do município, a circulação de cavalos sem o controle sanitário pode causar uma série de prejuízos aos moradores da localidade, como o surgimento de vetores (moscas, mosquitos e baratas) por conta das fezes e urinas despejadas em via pública e o aparecimento de doenças como a raiva, leptospirose, febre maculosa e verminoses. “Além de termos que cumprir a lei estadual, também é uma questão de saúde pública Há muitos riscos de transmissão de doenças naquela localidade”, concluiu.
27.01.15