Biomédica Vanessa Noronha esclarece que suor e odor não estão ligados a cor da pele

Hiperidrose: caracterizada pelo “suor excessivo”, distúrbio afeta milhares de pessoas no mundo todo

A condição pode causar odores desagradáveis e impactar na convivência social e na autoestima. A boa notícia é que já existe tratamento.

Produzir muito suor não está apenas relacionado ao calor. Existem pessoas que transpiram em excesso por causa de um distúrbio dermatológico chamado Hiperidrose, que está ligado a sensores térmicos do corpo com respostas inadequadas a reações emocionais. Ou seja, a pessoa pode transpirar excessivamente nas mãos, pés e axilas diante uma situação de tensão, por exemplo. Existem pessoas que, ao se verem em uma circunstância de desafio, como uma prova de concurso ou entrevista de emprego, transpiram tanto que molham a roupa inteira.

Além de ser incômodo, o caso se agrava quando vem acompanhado de uma segunda condição: a Bromidrose, quando o suor vem acompanhado por um forte e desagradável odor. A Biomédica Vanessa Noronha explica que existem dois tipos de glândulas produtoras de suor no nosso corpo, que se desenvolvem na puberdade e nos acompanham em toda a fase adulta: “As glândulas écrinas tem a função de resfriar a temperatura do corpo e as apócrinas expelem o odor sob influência das bactérias que habitam na pele geralmente em locais mais quentes, como axilas, virilha, pés”.

Uma pessoa sem o distúrbio, tem um volume de transpiração e odor dentro do que é considerado normal de produção dessas glândulas, facilmente resolvidos com a higiene diária. Porém, para quem sofre com a Hiperidrose e Bromidrose, existe uma carga maior de produção que pode ter influência em fatores internos, como a modulação hormonal e a existência de algumas doenças, que influenciam na proliferação de fungos e bactérias que dependem da umidade e da temperatura do corpo para se proliferarem.

Estudos apontam que as mulheres são mais afetadas, principalmente nas fases de menopausa e climatério. É comum encontrar em adolescentes também por causa das mudanças hormonais. Só no Brasil, até 10% da população sofre com algum tipo de hiperidrose. A boa notícia é que, de acordo com a Sociedade Internacional de Hiperidrose, alguns tratamentos já aparecem como alternativas, entre eles a toxina botulínica tipo A e terapias medicamentosas. Outros tratamentos, envolvendo laser em diferentes intensidades também são recomendados, como ultrassom microfocado e a radiofrequência.

A Doutora Vanessa Noronha alerta que o acompanhamento é fundamental: “A toxina tem duração de aproximadamente quatro meses, mas depende do organismo de cada paciente e do processo de renovação da pele. Por isso é necessário fazer um acompanhamento com o especialista, para acertar o tipo de tratamento adequado. Caso esses procedimentos não apresentem melhora, pode ser indicada a cirurgia de remoção de glândulas e até a simpatectomia endoscópica transtorácica, que consiste na remoção de nervos específicos”.

Os distúrbios e os impactos na sociedade

Com pouca informação, o assunto muitas vezes é um tabu e gera a exclusão daqueles que se encontram nessa condição: “Infelizmente, ainda existe muito preconceito em torno dos distúrbios de Hiperidrose e Bromidrose. Pessoas que sofrem com essas condições possuem dificuldades de interação social, desenvolvendo depressão por ter a autoestima prejudicada. Percebo também a insegurança, a vergonha e a culpa por achar que a higiene não é suficiente. Quando atinge crianças, gera até a evasão escolar”, destaca a Biomédica.

Um outro tipo de discriminação que acontece é relacionada ao racismo, associando o odor à pele negra: “O suor, não importa a intensidade, é um produto que não tem cheiro. O odor vem da secreção oleosa que interage com a flora bacteriana do no corpo. Essa glândula está presente nas regiões íntimas como axila, perianal, mamilos, virilha. Caso a flora esteja desequilibrada o odor se intensifica. Todas as pessoas podem ter odor intenso e não sofrer com Hiperidrose”, reforça a Doutora Vanessa.

Ainda é possível desenvolver os distúrbios por influência genética, medicamentos antidepressivos, alguns anti-inflamatórios e em tratamentos para equilíbrio do colesterol. E algumas doenças preexistentes como diabetes, desequilíbrios hormonais, doenças da tireoide e doenças autoimunes. Alimentos muito condimentados, como alho, cebola, temperos e produtos ultraprocessados, podem alterar o cheiro do suor pelo corpo inteiro. Por isso, a recomendação é sempre procurar um profissional para um diagnóstico mais seguro com a informação correta e livre de preconceitos.

Crédito da Foto:

Angélica Zago
Assessoria de comunicação

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