Carnaval 2011: Herdeiros da Vila

MUITO PRAZER! ISABEL DE BRAGANÇA OU DRUMOND ROSA DA SILVA, MAS PODE ME CHAMAR DE VILA
 
Oh, minha Vila! Oh, minha Vila, querida! Você é amor, é poesia, samba e alegria! Quem já não ouviu falar de você?!
No início, você foi o berço de índios Tamoios e Tupinambás. Com a chegada dos portugueses e a fundação da cidade do Rio de Janeiro, vieram os Jesuítas que difundiram em suas terras grande plantação de cana-de-açúcar. Nessa época lhe chamavam de Fazenda dos Macacos.
Com a fundação do Império do Brasil, no ano de 1822, o Imperador  D. Pedro I lhe adotou como sua preferida. Tanto que foi o dote de casamento de D. Pedro a Duquesa de Bragança. Virou uma espécie de residência da Família Real.
Um dia passou para outro dono, o Sr. João Batista Viana Drumond, o nosso conhecido Barão. E foi com ele que começou a crescer realmente. E vejam só, chegaram a fundar uma Companhia Arquitetônica na cidade só para lhe urbanizar. Ruas e avenidas no modelo francês, batizadas quase que em sua totalidade com nomes de abolicionistas famosos ou de moradores ilustres como: Joaquim Nabuco, Bezerra de Menezes, Manoel de Abreu, Teodoro da Silva e outros tantos. De quando em vez recebia a visita do Imperador D.Pedro II que guardava muito carinho e admiração. Começou a ter vida própria, ganhou um zoológico no antigo caminho do goiabal. Logo chegaram os bondes e com eles muitos admiradores. Suas ruas se encheram de gente bonita e bem vestida.
O século XX chegou e, logo, novas transformações chegaram. Sua avenida principal era o Boulevard, nela misturando-se a elegância francesa e amabilidade carioca. Foi crescendo. Apareceram fábricas e com elas mais moradores. Uma delas, a Fábrica Confiança de Tecidos. O dono do estabelecimento, Seu Luiz Alves, pernambucano como quase todos os operários da Confiança, trouxe consigo um pouco da herança de sua terra. Através dele, por suas ruas, desfilou o mais importante Frevo da cidade “Os Lenhadores”.
Nos dias de carnavais, as batalhas de confetes nos bondes e nas suas ruas eram inenarráveis. Com carros próprios ou até mesmo alugados, os corsos eram esperados com ansiedade. Com suas capotas arriadas, os automóveis exibiam odaliscas, sultões, piratas e tantos outros personagens que desfilavam sob chuva de confetes e serpentinas.
O gosto pelo samba foi tomando conta do bairro. Cada vez mais, noites iam se enchendo de cadência e compasso. E lá do alto do Morro que ainda lembra seu nome, Morro do Macaco, em 1946, surgiu, das mãos de Seu China, a Escola de Samba Unidos de Vila Isabel.
Aquele que mais lhe cantou e exaltou em verso e prosa, não viu nascer a sua Agremiação carnavalesca. O “poeta da Vila”, Noel Rosa, foi jovem para o espaço sideral. A vida de “queixinho”, como era carinhosamente chamado pelos amigos, foi de notas musicais. Seus belos sambas animavam carnavais. Noel brincava em blocos, como o “Faz Vergonha”, e vivia em meio aos malandros e dançarinas de cabaret. Subia os morros da cidade para compor com os compositores que lá viviam. De bar em bar, e de amores em amores, tecia as suas canções. Freqüentava serestas e serenatas sob a luz das estrelas em diversos pontos do bairro, como a Leiteria Vita e o Ponto-do-Cem-Réis.
A partida de Noel deixou em você, minha Vila, grande saudade!!! Mas, a presença do “seu poeta maior” se faz viva por todos os seus cantos, como nas calçadas musicais e na escultura que fizeram para homenageá-lo localizada logo no início do Boulevard. Saudades de ti, Noel!!!!
 
Alex Varela (historiador do GRES Unidos de Vila Isabel), Ana Colatino, Julio Cerqueira & Rita de Cássia
 
Nota: Nova versão do Enredo do GRES Unidos de Vila Isabel apresentado, no ano de 1994, pelo carnavalesco Oswaldo Jardim (In Memoriam).
Att.,


Natalia Louise

Assessora de Imprensa
Elloo Comunicação & Produções Artísticas

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