Chiquinha Gonzaga: “I Want to Pass”

 “Chiquinha Gonzaga: eu quero passar” 
Espetáculo sobre a vida e obra da mulher mais importante na história da música brasileira circula pelos espaços Sesc RJ

Inspirado na trajetória de uma das figuras mais emblemáticas da música brasileira, o recital cênico “Chiquinha Gonzaga: eu quero passar”, que iniciou circulação dia 8 de março, em Caxias, seguirá em temporada até o mês de junho, por diversos espaços do Sesc RJ. A montagem que é um recorte abolicionista, feminista e artístico da vida dessa mulher, que celebra a trajetória revolucionária da musicista que lançou a primeira marchinha de Carnaval no Brasil. A próxima apresentação será dia 26 de abril, no Sesc Madureira, às 15h. O projeto foi selecionado no Edital Sesc RJ Pulsar.

Com interpretação de Raquel Paixão, direção cênica de Elisa Lucinda e direção musical de Maria Teresa Madeira, a obra apresenta um repertório exclusivamente composto por Chiquinha Gonzaga, em um diálogo sensível entre música e teatro. Raquel Paixão interpreta a personagem, revelando curiosidades e momentos decisivos da sua caminhada feminista e abolicionista. 

Ao longo do recital, o público é convidado a revisitar a história de Chiquinha, não apenas como uma artista de vanguarda, mas também como uma mulher negra em um Brasil marcado por desafios sociais e raciais. A pianista compartilha suas próprias vivências como mulher e artista negra, refletindo sobre a importância de dar visibilidade a essas narrativas no contexto da música clássica.

“A música de Chiquinha Gonzaga sempre esteve presente em minha vida. Tenho formação em música clássica, com bacharelado, mestrado e especialização em piano. Nesse ambiente, sempre tive na memória músicas como Corta-Jaca, Plangente, Lua Branca, além da marchinha de carnaval Ô Abre Alas, que faz parte do nosso universo cultural”, compartilha Raquel Paixão.

A diretora cênica e multiartista, Elisa Lucinda, reforça que o objetivo do recital cênico é o de promover o acesso à obra e biografia da compositora, explorando seu repertório musical e o conectando às diferentes fases de sua vida. Além disso, também investiga o contexto social carioca em que a compositora esteve inserida, através de análise das obras de teatro e música onde a maestra esteve presente como autora e colaboradora.

“O Brasil não tem produzido no seu imaginário a imagem da Chiquinha Gonzaga negra e o recorte que ela foi uma feminista, uma revolucionária, filha de uma mulher negra, teve que casar escondida com seu pai porque ele era burguês e ela negra. Essas questões que nunca foram problematizadas nas produções que ela não foi representada como negra”, pontua Elisa.

“Todas as mulheres são herdeiras dos caminhos que a Chiquinha Gonzaga abriu, por isso, vamos fazer um recital cênico que vai realizar o papel que eu gosto que a arte faça: divirta, reflita e ensine arte e educação”, completa a diretora. 

Maria Teresa Madeira, diretora musical, elogia Raquel Paixão, expressando o trabalho de excelência exercido pela pianista, pesquisadora e como professora, difundindo a música brasileira. “Esse projeto traz a figura de Francisca Edwiges Neves de Gonzaga, mais uma vez, como protagonista. Essa maestra, compositora, pianista, arranjadora e uma pessoa muito influente na nossa vida musical brasileira, que trouxe à tona problemas sociais, que até hoje nos são muito caros”, afirma.

“Então, muitos vivas a esse trabalho incrível, que eu tenho muita alegria de poder colaborar e que tenho certeza que vai trazer uma luz mais brilhante ainda sobre a vida dessa figura tão impressionante e tão marcante que é nossa Chiquinha Gonzaga”, conclui a diretora musical. 

Raquel Paixão revela ainda que sempre soube que Chiquinha Gonzaga foi a primeira musicista profissional do Brasil, em um tempo em que o estudo do piano para mulheres limitava-se às habilidades domésticas, voltadas para a recreação familiar. No entanto, que Chiquinha Gonzaga, assim como ela, tinha uma mãe negra, foi uma descoberta tardia. 

“Como pianista negra, sempre me senti isolada no universo da música clássica, pois havia poucas mulheres negras nas quais eu pudesse me espelhar. Quando descobri a negritude de Chiquinha Gonzaga, isso despertou em mim um forte sentimento de pertencimento. Meu desejo é que, com este espetáculo, eu consiga inspirar novas gerações de pianistas, utilizando a música e a figura de Chiquinha como referência”, celebra a artista.

Sobre Chiquinha Gonzaga
Francisca Edwiges Neves Gonzaga foi pianista, maestra e compositora, uma das mais admiráveis artistas brasileiras, pioneira em assumir a música como profissão, num tempo onde mulheres eram restringidas ao trabalho doméstico. Também foi ativa nas causas da abolição e, segundo registro em suas biografias, a própria maestra comprou alforria de pessoas escravizadas com dinheiro que arrecadava da venda das partituras de suas composições.

Teve formação clássica em piano, mas em suas composições já integrava a corporeidade das celebrações populares: observam-se as células rítmicas do Maxixe, Umbigada e Lundus em suas composições, além de forte influência do Choro, gênero musical que nasceu na boemia carioca e cuja criação teve direta participação da maestra. Enriqueceu o patrimônio musical brasileiro em larga escala deixando diversas obras para piano, bandas e trilhas para teatro.

Sobre a Artista 
Raquel Paixão é pianista, atriz e professora com uma carreira que reflete seu compromisso com a música brasileira. Desde a infância, sua relação com o piano é marcada pela excelência. Aos 17 anos, conquistou o 1º lugar no Concurso Jovens Instrumentistas (Campos dos Goytacazes – RJ). Em 2019 e 2020, realizou recitais no Brasil e no exterior, dedicados ao repertório brasileiro para piano solo. Recentemente, recebeu o prêmio Urso de Prata, em Berlim, pelo curta “Manhã de Domingo”, no qual interpretou uma pianista.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Piano, Mestrado em Música e especialização em Pedagogia do Piano. Como educadora, destaca-se pela publicação da coletânea “Teclas Brasileiras”, uma contribuição ao repertório didático para pianistas em formação e à valorização de compositoras nacionais.

Sobre a Paragogí Cultural
Fundada por Rafael Lydio, produtor cultural com mais de uma década de experiência no mercado, a Paragogí Cultural é uma empresa que enxerga a cultura como uma ferramenta essencial para promover a inclusão e fortalecer a diversidade em todas as suas formas — racial, de gênero, religiosa e cultural. 

Nosso propósito é simples, mas poderoso: potencializar a cultura como agente de transformação social e igualdade de oportunidades. Acreditamos que inclusão é garantir o acesso igualitário a bens, serviços e experiências para todos, enquanto a diversidade é a celebração da multiplicidade de perspectivas, valores e identidades. 

A Paragogí Cultural atua no centro das questões sociais, criando ambientes onde pessoas de diferentes etnias, orientações sexuais, culturas e gêneros convivem de maneira respeitosa e enriquecedora. São essas interações que buscamos fortalecer e expandir por meio de nossos projetos, promovendo espaços de respeito, empatia e diálogo. 
Com uma abordagem inovadora e uma visão inclusiva, buscamos não apenas gerar impacto cultural, mas também contribuir ativamente para a construção de um mundo mais plural, acessível e justo. Acreditamos que a verdadeira transformação acontece quando as pessoas se sentem representadas, ouvidas e respeitadas em suas particularidades. É esse compromisso que nos impulsiona todos os dias. 

SERVIÇOS CIRCULAÇÃO SESC
Espetáculo Chiquinha Gonzaga: eu quero passar
Classificação livre

26 de abril, 15h – Teatro Sesc Madureira – R. Ewbank da Câmara, 90 – Madureira, Rio de Janeiro – R$15,00 (inteira), R$7,50 (meia-entrada para casos previstos por lei, estendida a professores e classe artística mediante apresentação de registro profissional e programa Mesa Brasil), R$ 7,50 (convênio), R$5,00 (credencial plena), gratuito (público PCG).

Angélica Zago
Assessora de Comunicação

Credito Foto

Proibida a reprodução das imagens sem autorização expressa do autor, conforme Lei 9.610

Chiquinha Gonzaga: “I Want to Pass”
A theatrical performance about the life and work of the most important woman in Brazilian music history tours Sesc RJ venues
Inspired by the life of one of the most emblematic figures in Brazilian music, the theatrical recital “Chiquinha Gonzaga: I Want to Pass”, which began touring on March 8 in Caxias, will continue its run through June across several Sesc RJ locations. This performance presents an abolitionist, feminist, and artistic portrait of the woman who launched Brazil’s first Carnival march. The next performance will take place on April 26 at Sesc Madureira, at 3 p.m. The project was selected in the Sesc RJ Pulsar public call.
Starring Raquel Paixão, with stage direction by Elisa Lucinda and musical direction by Maria Teresa Madeira, the work features a repertoire exclusively composed by Chiquinha Gonzaga, creating a sensitive dialogue between music and theater. Raquel Paixão brings the character to life, sharing curiosities and pivotal moments of her feminist and abolitionist journey.
Throughout the recital, the audience is invited to revisit Chiquinha’s story, not only as a groundbreaking artist but also as a Black woman in a Brazil marked by social and racial challenges. The pianist also shares her own experiences as a Black woman and artist, reflecting on the importance of giving visibility to such narratives in the realm of classical music.
“Chiquinha Gonzaga’s music has always been part of my life. I have classical music training, with a bachelor’s, master’s, and specialization in piano. In that world, I always carried pieces like Corta-Jaca, Plangente, Lua Branca, and the Carnival march Ô Abre Alas, which is a part of our cultural heritage,” shares Raquel Paixão.
Stage director and multidisciplinary artist Elisa Lucinda emphasizes that the goal of the recital is to provide access to Chiquinha’s life and work, exploring her musical repertoire and connecting it to various phases of her life. It also delves into the social context of Rio de Janeiro during the composer’s life, through the analysis of the theater and musical pieces in which she participated as an author and collaborator.
“Brazil hasn’t truly included the image of Chiquinha Gonzaga as a Black woman in its cultural memory, nor acknowledged her as a feminist and a revolutionary. Her mother was Black, and had to marry her father in secret because he was bourgeois. These aspects have rarely been explored in past portrayals of her,” Elisa points out. “All women are heirs to the path Chiquinha Gonzaga forged. That’s why we’re creating a theatrical recital that fulfills the role I believe art should play: to entertain, to make you reflect, and to educate through art,” the director adds.
Musical director Maria Teresa Madeira praises Raquel Paixão, highlighting her excellent work as a pianist, researcher, and teacher committed to promoting Brazilian music.
“This project once again places Francisca Edwiges Neves de Gonzaga at the forefront. A conductor, composer, pianist, arranger, and a highly influential figure in Brazilian musical life, she shed light on social issues that remain highly relevant today,” she affirms. “So, here’s to this incredible project. I’m honored to be part of it and confident that it will shine an even brighter light on the life of the remarkable Chiquinha Gonzaga.”
Raquel Paixão also reveals that she always knew Chiquinha Gonzaga was Brazil’s first professional female musician, at a time when piano study for women was limited to domestic skills for family entertainment. However, discovering that Chiquinha—like herself—had a Black mother, came later in life.
“As a Black pianist, I’ve always felt isolated in the classical music world, with few Black women to look up to. Discovering Chiquinha Gonzaga’s Black heritage awakened in me a strong sense of belonging. My hope is that, through this performance, I can inspire new generations of pianists, using her music and legacy as a beacon,” she celebrates.
About Chiquinha Gonzaga
Francisca Edwiges Neves Gonzaga was a pianist, conductor, and composer—one of the most admirable Brazilian artists. She was a pioneer in embracing music as a profession at a time when women were restricted to domestic roles. She was also active in the abolitionist movement and, according to her biographies, she bought the freedom of enslaved people with money earned from selling her sheet music. Trained in classical piano, her compositions embraced the vitality of popular celebrations, featuring rhythmic elements from Maxixe, Umbigada, and Lundus, as well as strong influences from Choro—a genre born in Rio’s bohemian scene, in which she played a foundational role. She significantly enriched Brazil’s musical heritage with numerous works for piano, bands, and theater scores.
About the Artist
Raquel Paixão is a pianist, actress, and teacher whose career reflects her dedication to Brazilian music. Her relationship with the piano has been marked by excellence since childhood. At age 17, she won first place at the Young Instrumentalists Competition (Campos dos Goytacazes – RJ). In 2019 and 2020, she performed recitals in Brazil and abroad, focusing on Brazilian solo piano repertoire. Recently, she received the Silver Bear award in Berlin for the short film Manhã de Domingo, in which she played a pianist. Her academic background includes a Bachelor’s in Piano, a Master’s in Music, and a specialization in Piano Pedagogy. As an educator, she is known for publishing the Teclas Brasileiras collection, a valuable contribution to didactic piano repertoire and the appreciation of female Brazilian composers.
About Paragogí Cultural
Founded by Rafael Lydio, a cultural producer with over a decade of experience, Paragogí Cultural views culture as a key tool for promoting inclusion and strengthening diversity in all its forms—racial, gender, religious, and cultural.
Our mission is simple yet powerful: to empower culture as an agent of social transformation and equal opportunity. We believe that inclusion means ensuring equal access to goods, services, and experiences for all, while diversity celebrates the richness of perspectives, values, and identities.
Paragogí Cultural addresses core social issues by creating environments where people of diverse ethnicities, sexual orientations, cultures, and genders coexist respectfully and meaningfully. These are the kinds of interactions we aim to foster and expand through our projects—spaces of respect, empathy, and dialogue.
With an innovative and inclusive approach, we strive not only to create cultural impact but also to contribute to a more plural, accessible, and just world. We believe true transformation happens when people feel represented, heard, and respected in their uniqueness. That commitment drives us every day.
EVENT INFORMATION
SESC TOURING PERFORMANCE
Chiquinha Gonzaga: I Want to Pass
All ages welcome
April 26, 3:00 p.m. – Sesc Madureira Theater
R. Ewbank da Câmara, 90 – Madureira, Rio de Janeiro
Tickets: R$15 (full), R$7.50 (half-price for legally eligible individuals, including teachers and artists with professional ID, and Mesa Brasil program participants), R$7.50 (partner rate), R$5.00 (Sesc full membership), Free (PCG audience)
Angélica Zago
Communications Advisor
Photo credit
Reproduction of images without express authorization from the author is prohibited under Law 9.610.