Comissão de carnaval da Unidos de Manguinhos divulga sinopse para 2018
Comissão de carnaval da Unidos de Manguinhos divulga sinopse para 2018
O G.R.E.S. Unidos de Manguinhos divulgou a sinopse do enredo ‘Hoje a Festa é do Povo da Floresta’, desenvolvido pela comissão de carnaval formada por Diângelo Fernandes, Marcelly Alcântara e Filipe Moreira. Em 2018 a escola irá falar dos seres ora relegados pela história e muitas das vezes, como numa ironia, classificados aos olhos dos ambiciosos como exóticos. Vamos enaltecer os verdadeiros donos dessa terra, e agradecer os seus segredos.
– Nessa grande festa vamos homenagear esses guardiões tão peculiares e de cultura tão sublime em seu modo de viver, seus rituais e suas crenças. Evocando os deuses das florestas numa “Odé” de respeito aos povos ali existente, vamos unir fantasia, realidade e vozes dos povos que até hoje resistem, brigando e lutando em defesa de sua sobrevivência, suas tradições – disse Diângelo Fernandes.
Diferentemente do rotineiro, a Unidos de Manguinhos irá reunir toda a sua ala de compositores para, juntos, comporem o hino oficial da escola. A Verde e Rosa será a 16ª escola a desfilar pelo Grupo E do Carnaval 2018 na Intendente Magalhães.
Confira a sinopse do enredo:
“Quando não havia nem sol, nem lua, no início dos tempos, o grande Deus Nhamandú teve uma ideia e a soprou pelo espaço em forma de sementes que viajaram… viajaram… procurando um lugar para germinar. Nhamandú não queria que elas fossem sozinhas, pediu que os seus soldados, os seres elementares, fossem guiando as sementes. Em um certo lugar… Ali era o lugar da mãe das terras… as sementes se espicharam no solo sagrado. E assim cresceu nossas florestas, matas, águas, rios, animais, seres integrantes do reino elemental. Mas Nhamandú ainda não satisfeito teve outra ideia, a de criar um ser guardião (butsimaré – os indígenas), e assim pegou um pouco de barro e moldou um ser humano. Nhamandú emprestou suas raizes e os seres elementares emprestaram seus amálgamas: o grande Senhor do Fogo, A Grande Mãe da Águas, O Grande Senhor do Ar e o Grande Senhor da Terra. Então, os seres elementares se transformaram em arco-íris e ligaram o céu com a terra fecundada.
Os nativos guardiões e os protetores (povos da cultura-afro) de nossas florestas, com suas lendas, festas e rituais, entoando seus cânticos, danças e celebrando a vida agradecendo por tamanha beleza.
Os mistérios da vida e seus viventes no coração da floresta, fonte inesgotável de sabedoria, a crença nas ervas e na essência de plantas e flores. Tudo na mata tem vida e respira e nos faz respirar, desde o chão, rico em nutrientes orgânicos que alimenta fortes e frondosas árvores que abrigam espíritos protetores do mundo, e curiosos seres que sugam e alimentam-se de plantas, tanto animais famintos e ferozes quanto nós, seres humanos que necessitam da floresta para respirar, nos alimentar e proteger.
A natureza é um santuário onde os guardiões, os protetores, a fauna e a flora vivem em constante harmonia. Nas florestas existem os mitos e lendas e são cosmogônicos, transmitidos oralmente, de geração a geração, muito importantes na formação dos indivíduos nativos, que fornecem coesão simbólica à percepção de cada um como parte de um corpo social, reforçando sua identidade étnica. Desde tempos imemoriais, os mitos descrevem eventos que dão a floresta seus elementos concretos e abstratos, visível e tangível desse mundo.
Máscaras e rituais escondem seus mistérios, embrenhado no matiz verde das florestas e tantos outros segredos.
O “Oké, caboclo!”, “Xeto, marromba, xeto!”. Sou dono da floresta. Conhecedor das ervas e suas curas. Sou Pajé, caboclo raizeiro. Sou sete flechas, sou pena branca, Ubirajara, sou Cobra Coral… Sou religião. Trago a cura e fé.
E que venham os Toantes indígenas, com suas músicas sagradas invocando a presença dos seres encantados. E dançando o Toré, acompanhado por maracás, gaitas, totens e amuletos e pelo coro de vozes. Expressando contentamento, sobre as festas religiosas, as fogueiras com suas chamas sagradas, nas louvações aos encantados, confraternizações e casamentos entre outros. É uma forma de manter viva não apenas a cultura, a magia e a mística das tribos, mas também da conquista do seu espaço e a preservação de seus costumes e de sua identidade diante de muitas lutas durante toda a história.
Já dançaram até para Corte Francesa, numa “Festa à Brasileira”. Ares do Renascimento, sonho e poesia a magia da floresta foi apresentado. Encenaram e dançaram. Cultura, arte e o esplendor do novo mundo mostraram, com o Guarany, uma obra de grande valor! Em muitas festas, e folguedos oriundos da miscigenação, personagens também foram. Bois Bumbá! Índios… Português… Negros… E na mistura cultural são personagens principal. E na Ilha de Parintins lendas e mitos no meio da floresta.
“Sou Cacique Bororó, guerreiro, corajoso mato a onça com as mãos. Sou dançarino… Cubro o rosto, pés e mãos com a pele da onça morta e palha de palmeira. Bato forte o pé no chão, representando a alma da onça que se foi”.
“Também sou fantasia, alegria, brinco carnaval, sou Cacique de Ramos, blocos de Recife, das ruas e tantas folias mais”. Sou da Paz, sou Brasil.
Estou no carnaval, sou liberdade.
A mais pura felicidade…
“Índio quer apito”… “Mim só quer brincar”…
HELDER MARTINS
– Assessor de Imprensa –