: GRANDE FESTA IRÁ COMEMORAR OS 150 ANOS DA PRAÇA ONZE
Grande festa irá comemorar os 150 anos da Praça Onze
No próximo dia 11 de junho, a partir das 19h, uma grande festa no Terreirão do Samba irá celebrar com muita música os 150 anos de um dos mais importantes logradouros da cidade: a Praça Onze. Com entrada franca, o evento em homenagem aos “150 anos da Praça Onze: Tu és Imortal” terá shows dos grupos Pique Novo, Disfarce e Balacobaco, da Escola de Samba Estácio de Sá, além da Velha Guarda Musical da Vila Isabel, Bloco Orunmilá, Dorina, Marquinho Sathan, Dunga, Bruno Maia, Beto Corrêa, Luis Camillo, Jhonny e Erika e os grupos Regente, Pra Valer e Vem na Vibe.
A festa é uma realização da Prefeitura do Rio, por meio da Riotur, com a Associação de Barraqueiros do Terreirão do Samba e a FM O Dia. Abaixo, um breve relato histórico do local escrito pelo historiador Milton Teixeira:
Praça Onze de Junho
O berço do samba e do Carnaval carioca
Pelo historiador: Milton Teixeira
Com a chegada da Corte Portuguesa, em 1808, a cidade ficou em reboliço. Isto porque o Rio de Janeiro, com seus 60 mil habitantes, não estava preparado para hospedar de uma só vez tantas e tão importantes figuras que aqui aportavam. Logo que desembarcou, D. João foi mimoseado com uma dádiva preciosa: o comerciante da rua Direita, Elias Antônio Lopes, doou sua rica propriedade em São Cristóvão à sua majestade El Rei, que agora dispunha da melhor residência da colônia.
O acesso à Quinta da Boa Vista fora muito melhorado desde a época em que aqueles chãos pertenceram aos padres jesuítas, mas mesmo assim ainda era muito ruim em princípios do século XIX. Um caminho estreito e escuro saindo do Campo de Santana passava dentre terrenos pantanosos, charcos e lagoas fétidas, até chãos mais sólidos como os de São Cristóvão. Logo foram feitos muitos aterros e até as luminárias públicas da cidade foram tiradas para iluminar a estrada D`El Rei. Chamou-se então, por algum tempo, de “caminho das lanternas”.
Como muitos nobres desejavam morar perto de seu Rei e quase não existia arruamento algum, D. João criou, por decreto de 1810, a “Cidade Nova”, que ia do Campo de Santana até São Cristóvão. Com ruas retilíneas e extensos lotes, muito se diferenciava da área central, congestionada de casas em lotes estreitos. Na mesma ocasião, criou o Rei uma praça onde começava o extenso mangal de São Diogo: o “Largo do Rocio Pequeno”, berço da Praça Onze de Junho.
Apesar de ser a única praça de comércio da Cidade Nova, continuou quase deserta por bom tempo, haja vista os chãos à sua volta serem muito pantanosos. Somente no começo do segundo Império, em 1842, recebeu a praça algumas melhorias, sendo cordeada e ganhando um grande chafariz neoclássico em pedra, inaugurado em 1848, projeto do arquiteto da Missão Artística Francesa Auguste Henry Victor Grandjean de Montigny (1776-1850).
O Barão de Mauá foi quem mais fez pelo progresso do local. Já em 1851, iniciou a construção de uma grande “Fábrica de Gás”, grande prédio neoclássico projetado nas proximidades da praça pelo engenheiro William Gilbert Ginty, e que em sua maior parte ainda subsiste, sendo a atual sede da Companhia Estadual de Gás. Inaugurado em 1854, no mesmo ano era iniciada a obra do canal do mangue, pensada por Mauá como sendo a forma mais inteligente e barata de sanear aqueles chãos, bem como estabelecer no mesmo canal um sistema de hidrovias, ligando o subúrbio ao centro. Mal sabia Mauá que setenta anos antes, um alferes mineiro, Joaquim José da Silva Xavier propusera coisa parecida ao então Vice-Rei Luís de Vasconcellos, sem ter logrado sucesso. Em 1858, os trilhos da estrada de ferro da estação D. Pedro II cortavam a Cidade Nova, ligando-a a vários subúrbios, tornando o projeto de hidrovias de Mauá obsoleto.
Com a vitória das forças navais brasileiras contra a esquadra paraguaia em Riachuelo, a 11 de junho de 1865, a Ilustríssima Câmara Municipal ordenou a mudança do nome do Largo do Rocio Pequeno para Praça Onze de Junho, em lembrança à nossa maior batalha em águas inimigas. Seis anos depois, ganhou a Praça sua primeira escola pública, depois batizada para Benjamim Constant. Por essa época, várias fábricas e manufaturas haviam se estabelecido nas redondezas, atraídos pelas fáceis comunicações e pelo grande número de terrenos baratos, já que eram em áreas alagadiças. Logo, em 1859, circulava a primeira linha de bondes pela Cidade Nova, que ligava o Centro ao Alto da Boa Vista, iniciativa pioneira do inglês Thomas Cochrane. Em 1872 outra linha de bondes juntar-se-ia a esta pioneira, tornando o bairro a área mais bem servida de transportes coletivos. Em 1869, foi o mangue embelezado com palmeiras.
Com a Abolição da Escravatura em 1888 e a Proclamação da República em 1889, os moradores de melhor nível social mudaram-se para os novos bairros da Zona Sul, deixando para a Cidade Nova, enormes casarões desertos, logo ocupados por fábricas, manufaturas, casas de cômodos, cortiços e barracos. Pela proximidade das áreas portuária e central, pelos bons transportes coletivos e pela existência de muitas fábricas e manufaturas, foi o local escolhido para moradia de ex-escravos saídos das senzalas das fazendas do Vale do Paraíba. Essa comunidade aglomerou-se em volta da Praça Onze, transformando-a em primeiro gueto negro do Rio de Janeiro. Para lá levaram sua cultura e arte, surgindo desse amálgama social o samba, canção e dança negra de cunho nitidamente urbano, forjado nas senzalas ainda com o “Jongo” e burilado definitivamente na Praça Onze. Curiosamente, ainda em 1888, chegavam à Praça Onze grande leva de judeus imigrantes, sendo que um deles, Joseph Villiger, fundaria na Praça Onze a primeira grande fábrica de cervejas do Rio: a Brahma.
Surgiu, portanto, da união de dois povos tão distintos, um casamento perfeito: samba com cerveja! Na casa de uma negra baiana e respeitada macumbeira forjar-se-iam muitos ritmos africanos. Tia Ciata, ou Assiata, (em verdade, chamava-se Hilária) como era conhecida, foi, talvez a maior conhecedora de músicas e ritmos africanos daquela comunidade, donde saíram sambas históricos e compositores de talento. Em 1926, depois de longa perseguição policial, alguns compositores locais fundaram uma “escola de samba”, nome eufêmico de uma associação recreativa sem ser, na verdade, de fins educacionais. Foi a primeira “escola de samba” a “Deixa Falar”, cuja divisão, anos depois resultaria em várias escolas “filhotes”, como a Estácio de Sá, Mangueira e Portela.
Em 1933, o prefeito Pedro Ernesto Batista organizou o primeiro desfile oficial de Escolas de Samba da Praça Onze, donde sagrou-se vencedora a Mangueira. Os desfiles passaram a ser anuais, com grande afluência de público. Entretanto, em 1942, com a abertura da Avenida Presidente Vargas, foi a Praça Onze arrasada pelas obras, sendo o belo chafariz de Grandjean levado para a Praça Afonso Vizeu, no Alto da Boa Vista.
Serviço: Show em homenagem aos 150 anos da Praça Onze
Data: 11 de Junho
Horário: 19h
Local: Terreirão do Samba
Entrada: Gratuita
Classificação: Livre
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