Gravação dos Sambas para o Carnaval 2018

Gravação de sambas concorrentes acontece durante a Feijoada

 

A feijoada mais charmosa de Ramos  está de volta.  Neste domingo (30/7)  tem  mais uma edição da Feijoada da Dona Leopoldina na quadra da Imperatriz Leopoldinense. No mesmo dia serão gravados todos os sambas concorrentes para o carnaval 2018.

Desta vez,  a feijoada   terá  participação especial   da  bateria nota 10   Swing da Leopoldina, comandada pelo  Mestre Lolo.  A  roda de samba fica por conta  da Velha Guarda Show da Imperatriz e   no repertório dos veteranos, muito samba de raiz além de     todos o clássicos da Rainha de Ramos.

O início da gravação dos sambas que vão participar da disputa  está previsto  para as 13 H.  A entrada  é franca  e os  convites antecipados  para a Feijoada Dona Leopoldina  custam 25  reais  e  podem ser adquiridos na secretaria da escola.  Mesas com quatro lugares saem a 20 reais.   Informações e reservas   3593-6582 ou 989496175.b

Com   o enredo  “Uma noite Real no Museu Nacional ”,  a  Imperatriz Leopoldinense será  a quinta  escola de samba a desfilar na segunda-feira de carnaval .

Serviço:

Feijoada da Dona Leopoldina com gravação dos sambas e apresentação da Velha-guarda show da Imperatriz. 

Entrada Franca, 

Mesas: R$ 20,00

Feijoada: R$ 25,00.

Data: 30 JUL

Início: 13 H

Local: Quadra de Ensaios – Rua Prof. Lacê, 235 RAMOS

 

 

G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

 

Uma Noite Real no Museu Nacional
Introdução – O redescobrimento do Brasil

O Brasil foi descoberto em 1500, mas,
de verdade, só foi inventado como país em 1808,
com a chegada da família real ao Rio de Janeiro.
Até então, o Brasil ainda não existia.
Laurentino Gomes

 

Ao desembarcar no Largo do Paço da cidade do Rio de Janeiro, em março de 1808, após
uma longa viagem cruzando o Oceano Atlântico, a família real portuguesa trouxe, em sua
bagagem, um propósito que transformaria definitivamente a então colônia brasileira,
descoberta três séculos antes, que até aquele momento ainda não se reconhecia como
Nação. O Brasil tinha uma população que beirava os três milhões de habitantes, mais da
metade eram negros e índios, mal distribuídos em regiões praticamente isoladas umas das
outras, com idiomas e costumes próprios. Excetuando o fato de todos estarem sob o poder
de uma única coroa, não existia um sentimento de unidade, cidadania e identidade.
Dom João VI, através de seu empreendedorismo na criação de importantes instituições
como o Arquivo Real, a Real Biblioteca, o Erário Régio e Jardim Botânico, começou a
orquestrar um projeto civilizatório de país, introduzindo novos hábitos culturais e, com
isso, modificando radicalmente o perfil colonial brasileiro. O país saía do ostracismo
intelectual que lhe fora atribuído quando servia apenas como uma zona de exploração e
extração de riquezas, para consolidar o poder monárquico no Novo Mundo. Nesse projeto
civilizatório, uma peça importante seria um museu que pudesse, com seu acervo científico
e antropológico, mostrar ao mundo a potência de um império sediado na América.
Para muitos, o precursor desse museu foi a Casa de História Natural, popularmente
apelidada de Casa dos Pássaros, criada na cidade do Rio de Janeiro por determinação da
Rainha D. Maria I, duas décadas antes da chegada da família real ao Brasil.
Tendo como finalidade “propagar os conhecimentos e estudos das ciências naturais no
Reino do Brasil”, o Rei João VI cria, por decreto, no longínquo sábado, seis de junho de mil
oitocentos e dezoito, o Museu Real, com o apoio decisivo da Arquiduquesa da Áustria,
Carolina Josefa Leopoldina, esposa de D. Pedro e futura Imperatriz.
O Museu Real tornou-se Imperial e hoje é o nosso Museu Nacional que, no apogeu dos
seus duzentos anos, continua sendo um alicerce de arte, ciência e cultura universais,
motivo de orgulho para todos os brasileiros.

Enredo

Pense em um palácio luxuoso e encantado construído no alto de uma colina, tendo como
moldura um suntuoso jardim repleto de flores e pássaros descortinando uma paisagem
deslumbrante. Dentro deste palácio ainda habitam o Rei, a Rainha, os príncipes e princesas
que um dia foram os seus mais nobres moradores e hoje serão os cicerones imaginários de
nossa visita ao grande museu que ali se instalou: o atual Museu Nacional. Naqueles salões
cheios de lembranças, milhões de anos de história nos foram deixados como herança,
permitindo que, ao conhecer o passado, possamos compreender o presente e idealizar o
nosso futuro.
Dom João, o Rei, decretou a criação do Museu Real que nasceu sob a solidez e o brilho
reluzente dos cristais, sua primeira coleção, e cresceu de maneira imponente através da
astúcia, diplomacia e idealismo dos nossos Imperadores.
Podemos dizer que Pedro, o Primeiro, consolidou um Brasil com sentimento de nação
unida e independente que já possuía maturidade para caminhar sozinha e se mostrar
grandiosa diante do mundo. Em sintonia com o pensamento romântico de seu tempo, o
outro Pedro, o Segundo, utilizou o museu como repositório das expedições que
organizaria, visando escrever a história da nova nação, e como peça importante no
processo de modernização do país, elevando o acervo a símbolo da ciência universal.
É importante ressaltar que ambos tiveram a ajuda significativa de suas consortes.
Leopoldina, responsável por trazer da Europa, em sua comitiva nupcial, cientistas, artistas,
naturalistas, botânicos e mineralogistas que constituíam a missão austríaca, e Teresa
Cristina, a Imperatriz arqueóloga.
No delírio carnavalesco que tudo consente, a escola de samba Imperatriz Leopoldinense a
todos convida para uma jornada a um dos maiores museus do mundo. O Museu Nacional
se enche de vida e abre suas portas para embarcarmos nessa viagem fantástica.
Cai a noite. Rompendo a fronteira do tempo e do espaço, meteoros cruzam o céu e nos
ajudam a desvendar a origem da vida. A sutileza das plantas e dos corais contrasta com a
força e a brutalidade dos gigantes que, um dia, dominaram o mundo. Representantes
ilustres da megafauna brasileira, surgem, repentinamente, em nossa frente nos lembrando
de que houve uma era em que o tamanho fazia toda a diferença.
A noite avança. Majestosas em suas cores e formas, as borboletas enfeitam nossa
caminhada. Besouros, mariposas, cigarras e tantos outros insetos promovem uma
orquestra sinfônica de zumbidos variados nos salões onde, antes, se ouvia o som dos
violinos.

O grande palácio possui estilo neoclássico, com referências ao barroco e ao rococó, que se
funde com o matiz selvagem da onça pintada e com as penugens dos tucanos e araras,
expressando o tropicalismo original deste território que é proprietário de um dos mais
belos santuários da fauna mundial, em suas terras, céus e mares.
A luz da lua atravessa as vidraças, em nosso caminho vemos um trono, presente do rei
Adandozan do Daomé, marcando nossa entrada no continente africano com seus marfins,
lanças, tambores e agogôs.
Chegamos ao Egito! Amuletos, múmias e sarcófagos nos revelam os segredos e mistérios
das antigas civilizações, conduzindo-nos aos afrescos de Pompéia e ao torso nu da Deusa
Vênus, legado do Império Greco-Romano.
A madrugada ainda esconde a aurora do Novo Mundo. Antes do Cristóvão, o Colombo,
descobrir a América e de outro Pedro, o Cabral, chegar ao Brasil, este torrão já tinha dono.
Tribos indígenas de todos os cantos se fazem presente. Tem cerâmica Karajá, Marajó e
Bororó. Cestaria Nambikwára, Máscara Tikuna e escudo trançado dos Tukano. Tem índio
da mata e também do sertão. Índio que caça, que pesca e que dança. Tem índio até que
come gente, quem diria?
De Lagoa Santa nas Minas Gerais surge Luzia, a mais antiga das brasileiras, revolucionando
todas as teorias sobre a ocupação do continente americano.
Das terras andinas chegam os Incas adornados com penas de araras. Da Amazônia
Equatoriana surge o povo Jivaro, que se mistura aos Chancay, Chimu, Moche e
Lambayeques, entoando cânticos sagrados com suas trombetas e flautas. A noite termina
num espetáculo emocionante.
Os primeiros raios de sol iluminam o Jardim das Princesas, um monumento romântico
decorado com guirlandas, conchinhas marinhas e mosaicos de porcelana inglesa, criado
pelas mãos das nobres descendentes da Imperatriz Leopoldina. E é sob a luz dourada do
amanhecer que os herdeiros da Imperatriz Leopoldinense vêm abraçar essa verdadeira joia
paisagística e abrir caminhos para o colorido das pipas que enfeitam o dia ensolarado, para
a originalidade dos vendedores ambulantes e para a alegria do povo que se reúne em
torno de toalhas estendidas nos gramados. O palácio é do povo! A Quinta do Imperador é
de todos nós! O repositório do saber e da preservação se une à celebração popular da vida
num encontro “antropológico” verdadeiro e essencial para nossa identidade cultural como
povo e como Nação.
Reinando soberana no alto do Palácio Real, a coroa reluzente da Imperatriz festeja o
bicentenário do Museu Nacional, berço que embala heroicamente a história das artes, da
cultura e das ciências no Brasil!

Cahê Rodrigues
Carnavalesco
Cahê Rodrigues e Dep. Cultural do GRESIL
Pesquisa, desenvolvimento e texto.
Fontes e Referências Bibliográficas
SCHULTZ, Kirsten. Versalhes Tropical, Império, Monarquia e Corte Real portuguesa no Rio de Janeiro (1808 – 1821)
LOPES, M. M., FIGUERÔA, S., KODAMA, K., SÁ, M. R., ALEGRE, M. S. P. Comissão cientifica do Império – 1859-1861
GOMES, Laurentino. 1808 Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e
mudaram a História de Portugal e do Brasil. 2007
História da ciência Luso-brasileira: Coimbra entre Portugal e Brasil (Imprensa da Universidade de Coimbra)
O MUSEU NACIONAL, Banco Safra, 2007.
RIBEIRO, A. I. M.– UNESP/Presidente Prudente. A contribuição da Imperatriz Leopoldina à formação cultural brasileira
(1817-1826).
A Gazeta do Rio de Janeiro, Periódico (acervo Digital)

 

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