Mayor sends letter to the UN in his first action as the C40 Chairman – Prefeito envia carta à ONU em primeira medida como presidente do C40
Em Joanesburgo, Prefeito do Rio defende que as questões urbanas sejam prioridade na discussão da ONU para novas metas de desenvolvimento sustentável
Carta enviada por Eduardo Paes às Nações Unidas e assinada por 39 prefeitos da C40 destaca temas como transporte, saúde e tratamento de lixo
Em sua primeira medida como presidente do C40, grupo de metrópoles comprometidas com a luta contra as mudanças climáticas, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, enviou hoje à ONU uma carta defendendo que as questões urbanas sejam prioridade na discussão da ONU para novas metas de desenvolvimento sustentável que devem substituir o Protocolo de Kyoto. No documento, dirigido ao Grupo Aberto de Trabalho para Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o prefeito ressaltou que as cidades enfrentam desafios específicos, como as questões do transporte, saúde pública e tratamento de lixo.
No discurso de posse da presidência da C40, hoje, em Joanesburgo, na África do Sul, Eduardo Paes lembrou o compromisso dos integrantes do grupo em reduzir a quantidade de gases de efeito estufa em um a gigatonelada até 2030. Entre as iniciativas já adotadas, citou como exemplos a reação rápida de Nova York aos efeitos do furacão Sandy e as medidas tomadas no Rio de Janeiro para aumentar a capacidade de a cidade lidar com chuvas intensas, como o Centro de Operações e o Sistema de Alarme nas comunidades com risco de deslizamento.
O prefeito do Rio ressaltou a importância da C40 como organização que facilita a troca de experiências bem sucedidas entre as megalópoles, já que todas elas estão vulneráveis aos riscos climáticos. Ao lembrar que a maior parte da população mundial vive nas cidades, frisou que, em breve, a América Latina será a região mais urbanizada do mundo e convocou os prefeitos das cidades de países em desenvolvimento a se unirem à C40.
O uso da tecnologia como elemento fundamental para engajar os cidadãos na defesa do desenvolvimento sustentável foi outro ponto destacado por Paes. Citando iniciativas aplicadas no Rio, como os hackathons (encontros de hackers que criam soluções inovadoras para a mobilidade) e o portal colaborativo que recebe sugestões para intervenções urbanas, ele afirmou que “uma cidade sustentável é uma cidade inteligente”.
Antes de seu pronunciamento, Eduardo Paes, que foi eleito para o cargo no ano passado, recebeu uma muda de árvore de seu antecessor, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que agora assumiu o posto de presidente do Conselho de Diretores, da C40.
O prefeito do Rio está em Joanesburgo desde terça-feira, dia 4, para a 5ª Reunião de Cúpula da C40, onde liderou a primeira discussão com diretores como presidente da organização. Com o tema “Rumo a megacidades resilientes e habitáveis – demonstrando ação, impacto e oportunidade”, o evento conta com a participação de Paes, Bloomberg, Mpho Parks Tau, prefeito de Joanesburgo; e de Christiana Figueres, secretária-executiva das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, além de prefeitos de mais de 40 grandes cidades.
Na quinta-feira, último dia do encontro, Eduardo Paes abre o evento, almoça com prefeitos da Europa e América Latina e participa de palestra ao lado do diretor-executivo da ONU-Habitat, o ex-prefeito de Barcelona Joan Clos.
Saiba mais sobre o C40 – O Grupo C40 de Grandes Cidades para a Liderança Climática (C40) é a principal rede global de megacidades e atua para promover o desenvolvimento urbano sustentável por meio de estratégias para enfrentar as mudanças climáticas e ampliar a resiliência das cidades. O objetivo é implementar estratégias para redução das emissões de carbono nas megacidades e ampliação da resiliência das comunidades locais.. O C40 foi criado em 2005 pelo ex-prefeito de Londres Ken Livingstone, tendo 18 cidades com integrantes. Em menos de um ano, o número de prefeituras filiadas chegou a 40. Atualmente, cerca de 60 cidades participam da organização. Depois de Livingstone, David Miller, prefeito de Toronto, presidiu a entidade. Ele foi sucedido por Bloomberg, que cede lugar a Paes, eleito em agosto. Paes é o primeiro prefeito de uma cidade emergente a presidir o C40, que atualmente conta com 60 membros.
Abaixo, segue a íntegra do discurso de posse do prefeito. Em anexo, a carta enviada à ONU.
Discurso de posse do Prefeito do Rio Eduardo Paes como Presidente da C40
Amigos prefeitos, colegas do C40, queridos convidados, senhoras e senhores, boa tarde.
Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer ao prefeito Tau por nos receber tão gentilmente nesta grande cidade de Joanesburgo. Gostaria de parabenizá-lo por este evento fantástico, que reúne prefeitos e autoridades de todas as regiões do mundo. Eu sei como pode ser desafiador organizar um seminário deste porte. Além disso, gostaria de lembrar que a África do Sul sofreu a grande perda de Nelson Mandela, um líder extraordinário que continuará inspirando a todos nós. Ainda sentimos sua morte, junto com vocês. Enfrentando a dor e o sofrimento, Joanesburgo seguiu em frente e foi capaz de realizar este belíssimo seminário.
Eu também gostaria de fazer um agradecimento especial a Michael Bloomberg, por sua liderança como prefeito da cidade de Nova York e como Presidente da C40 nesses últimos anos. Sob sua orientação, Nova York se tornou um centro inovador de políticas urbanas e reafirmou sua proeminência no mundo. Com o senhor à frente da C40, a organização subiu de nível no cenário mundial. A visão e a contribuição que o senhor trouxe a esta organização é um legado memorável. A comunidade da C40 tem a honra de continuar a tê-lo conosco, agora como Presidente do Conselho de Diretores. Obrigado por aceitar este convite para compartilhar seu conhecimento e experiência.
Michael, me sinto honrado por construir em cima do seu trabalho e do trabalho dos ex-prefeitos David Miller, de Toronto, e Ken Livingstone, de Londres, como Presidente da Rede C40 de Grandes Cidades. Tenho consciência da responsabilidade de liderar a organização das maiores cidades do mundo para tratar das mudanças climáticas e seus impactos. Como um prefeito do hemisfério sul, ter esta oportunidade em Joanesburgo é muito especial.
Eu também gostaria de agradecer o forte apoio das nossas cidades parceiras da C40 pela candidatura do Rio de Janeiro, e fico feliz de ver muitas delas aqui representadas hoje . O apoio unânime do Comitê Gestor é uma demonstração de confiança na nossa capacidade de promover desenvolvimento sustentável para nossos habitantes e de inspirar outras cidades globalmente.
O Rio de Janeiro está passando por uma transformação ousada, aproveitando um calendário que inclui grandes eventos esportivos como as Olimpíadas e Paralímpiadas de 2016. A cidade de Joanesburgo, prefeito Tau, que foi sede da Copa do Mundo em 2010, sabe que isso significa muito mais do que entretenimento. Representa uma oportunidade única de promover desenvolvimento urbano sustentável. Significa uma chance de reinventar nossas cidades, de vencer desafios como mitigação de carbono e resiliência climática.
A comunidade da C40 está honrada pela presença de distintos convidados como a Senhora Christiana Figueres, Secretária Executiva das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, e o Senhor Joan Clos, ex-prefeito de Barcelona e Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat). Obrigado por virem e trazerem seus insights a este seminário. Compartilhamos do mesmo objetivo de construir uma liderança coletiva por um mundo melhor.
Sra. Figueres, Sr. Clos, este seminário é um sinal de como a liderança local emergiu no cenário mundial. O mundo está se tornando urbano, como sabemos. Cidades globais como Nova York e Joanesburgo são poderes econômicos, polos de inovação e de tomada de decisões. Hoje, as pessoas estão deixando os subúrbios e retornando às cidades na busca por oportunidade e qualidade de vida. Os gregos antigos diriam que a Cidade é o local que completa nossa existência. A realidade mostra que eles estavam certos. A Cidade, a Polis, está mais forte do que nunca.
Isso traz para nós compromissos ainda maiores. Nas cidades, as pessoas demandam bens públicos e serviços de níveis cada vez mais altos. Nós, prefeitos, somos responsáveis por entregar isto ao povo. Saúde, educação, transporte, desenvolvimento sustentável. Na medida em que o mundo encara questões mais complexas, fomos convocados a agir.
Amigos prefeitos, nossas decisões refletem em nossas comunidades e têm impacto global. O que acontece nas nossas cidades guia o planeta. As mudanças climáticas são a melhor expressão disso: uma parte-chave da responsabilidade em nossas mãos.
O Presidente Clinton sabe a importância dos compromissos para melhorar nosso mundo. Ele fez isso em seu governo e continua fazendo através do trabalho de sua fundação. A Rede C40 de Grandes Cidades mostrou sua determinação há dois anos, durante a conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, quando anunciamos metas de redução das emissões de gases do efeito estufa em nossas cidades de mais de um mais de um gigaton de emissões até 2030, com base em ações climáticas efetivas. Isso foi reconhecido como um dos resultados mais significativos da Rio+20. Como mostra o Relatório das Ações Climáticas nas Cidades, fizemos um bom progresso. Cortar as emissões de carbono e aumentar a resiliência torna a vida das pessoas melhor e mais segura. Significa melhorar a mobilidade e a qualidade ambiental, fomentando inovação e promovendo integração social. Cuidar do meio ambiente significa cuidar das pessoas. As cidades têm mostrado que o crescimento “verde” não é uma utopia: ele conecta a vida de todos. Hoje, nós estamos nas vésperas de um momento decisivo na luta contra as mudanças climáticas. As Nações Unidas estão debatendo a adoção de novas Metas de Desenvolvimento Sustentável e negociando um acordo para substituir o Protocolo de Kyoto. Nós, prefeitos, temos um papel proeminente neste processo. Estamos nos engajando na Diplomacia das Cidades, entregando resultados concretos e construindo liderança. Nós enviamos uma carta para que a Organização das Nações Unidas reconheçam que as questões urbanas devem ser uma prioridade. Uma cidade não pode promover a igualdade, as oportunidades e o crescimento econômico sem planejamento urbano. Trinta e nove prefeitos da C40 já endossaram o documento. Eu convoco os prefeitos que ainda não assinaram a juntar-se a nós. Tenho certeza de que até amanhã teremos o apoio de todos vocês.
Sr. Bloomberg, parabéns por ter sido nomeado pelo Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, enviado especial para Cidades e Mudanças Climáticas. Ninguém seria mais adequado para esta missão. O mundo demanda empoderamento local e para a C40 é uma honra contribuir com a ONU no caminho para a conferência de Paris em 2015. O Rio de Janeiro enfrenta atualmente um dos verões mais quentes de sua história. Ontem, a cidade experimentou uma sensação térmica de 57 graus.
As mudanças climáticas estão acontecendo agora e nós estamos sofrendo suas consequências hoje. Temperaturas mais altas, enchentes, deslizamentos, secas, furacões e tufões. Eventos de clima extremo se tornaram mais frequentes e mais severos. Todas as cidades estão vulneráveis aos riscos climáticos. Devemos evitar que o problema se agrave e nos preparar para tempos difíceis.
A liderança do prefeito Bloomberg durante o furacão Sandy demonstrou isso. Foi impossível evitar toda aquela destruição, mas, com ele no comando, a Big Apple reergueu-se rapidamente. Assim como Nova York, outras cidades estão se fortalecendo. No Rio, estamos aumentando nossa capacidade de lidar com eventos extremos. Em 2010, depois de enfrentar chuvas que deixaram vítimas fatais, começamos a preparar melhor a nossa cidade contra esse tipo de desastre e, acima de tudo, para salvar vidas. Foram adotadas iniciativas como a criação do Centro de Operações Rio, instalação de novos radares meteorológicos, implementação do sistema de sirenes em áreas de risco de deslizamento e treinamento nas comunidades. Desde então, os deslizamento na cidade não causaram mais mortes. A resiliência precisa estar na mente e no coração de todos os cidadãos.
Somos mais fortes trabalhando juntos. O maior desafio do nosso tempo é a cooperação. Aprendemos e progredimos compartilhando. Políticas urbanas de sucesso podem ser replicadas e melhoradas em muitas cidades dentro e além daC40. Ao nos engajarmos em uma rede, podemos melhorar nossas cidades. Eu acredito que existe um potencial maior de colaboração. Estamos apenas dando os primeiros passos dessa jornada.
A expansão urbana acontece em uma escala e em uma velocidade nunca antes vista. Uma cidade que levou cem anos para ser construída no século XVIII é erguida em uma década na China. Grande parte do crescimento acontece em países em desenvolvimento na Ásia e na África. Em breve, a América Latina será a região mais urbanizada do mundo. A força da C40 está engajando todas as megacidades, inclusive as que estão sendo construídas.
Soluções inovadoras criadas nesses lugares precisam ser compartilhadas. A Rede C40 de Grandes Cidades deve refletir esta nova dinâmica. Construir resiliência e qualidade de vida nas megacidades é uma tarefa global. Esta organização precisa de uma representação equilibrada em todas as regiões do mundo. Eu chamo aqui os prefeitos das cidades em desenvolvimento para se unirem a C40. Estou comprometido com esta missão.
Ações contra as mudanças climáticas estão ganhando cada vez mais espaço nas cidades. Nos últimos dois anos, o número de projetos dobrou. Mais cidades têm se engajado na construção de um futuro melhor. É um sinal encorajador e eu espero ver um aumento ainda maior dessas iniciativas nos próximos dois anos. Eu dou as boas-vindas à prefeita Patricia de Lille, da Cidade de Capetown, ao prefeito Didas Massabury, de Dar Es Salaam, e o governador Evans Kidero, de Nairobi, por se unirem a esta organização neste seminário. Os senhores vão inspirar outros líderes de cidades emergentes a tomar medidas e unir forças conosco. Nós temos também que aumentar nossa cooperação regional. Temos muito em comum com nossos vizinhos. Cidades latino-americanas compartilham as mesmas questões sociais, ambientais e de mobilidade. Cidades europeias têm o seu próprio desafio, como promover a geração de energia limpa e o retrofit de prédios urbanos. Ásia e América do Norte também enfrentam questões específicas. Nós adotamos eleições para a nossa representação regional no comitê executivo da C40, o que legitima e fortalece as questões locais. Eu acredito que a C40 deve empoderar líderes vizinhos para ativar as suas redes regionais.
Devemos usar a tecnologia para explorar nosso potencial colaborativo. A revolução digital mudou o mundo, acelerando a inovação e expandindo a conectividade. Hoje, todas as pessoas têm uma voz mais forte através das redes sociais. Esse poder deve ser canalizado para promover o desenvolvimento sustentável. Está na hora de usar tudo o que a tecnologia nos permite.
Mais do que nunca, o cidadão é parte da solução. As cidades pertencem às pessoas. Não pode haver desenvolvimento sustentável sem o engajamento amplo dos cidadãos. As ferramentas digitais são estratégicas para esta conquista. Eu gosto de chamar isso de Polisdigitocracia. Polis – a Cidade -, e Digitocracia, que é o governo utilizando a tecnologia para dialogar, engajar e colaborar com as pessoas.
No Rio, estamos promovendo este processo colaborativo. Nosso Centro de Operações hightech reúne todos os departamentos e agências municipais. Mas nada disso seria suficiente sem a participação dos nossos cidadãos, que conhecem melhor a cidade do que qualquer um. Eles nos ajudam a administrar a cidade com informações valiosas repassadas pelas redes sociais e aplicativos. Engajamos a comunidade tecnológica em Hackathons para criar soluções inovadoras para a mobilidade pública. Através de uma parceria, desenvolvemos uma ferramenta de crowdsourcing para compilar a sugestão das pessoas para intervenções públicas. Outras cidades têm suas próprias experiências. Análises de Grandes Volumes de Dados e de Dados Abertos são políticas promissoras para governos locais. Desejamos promover isto na C40 e eu vou encorajar parcerias para que isto aconteça. Uma cidade sustentável é uma cidade inteligente.
Os governos devem promover o empreendedorismo e o trabalho com o setor privado. Tais instrumentos vão ajudar a conquistar os três pilares da sustentabilidade: prosperidade econômica, inclusão social e proteção ambiental. Vão permitir que a gente construa cidades melhores e mais inteligentes.
Não é por acaso que nós estamos aqui na África, onde começamos a nossa jornada neste Planeta. Retornar às nossas origens nos inspira a pensar o futuro. Prefeitos da C40, sua liderança está sendo convocada. Nossos netos e bisnetos contam conosco.
Obrigado.
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