No início da manhã desta quinta-feira, 12 de outubro, feriado de Nossa Senhora Aparecida, o Acadêmicos do Salgueiro anunciou o samba-enredo que irá levar para a Avenida em 2024.
No início da manhã desta quinta-feira, 12 de outubro, feriado de Nossa Senhora Aparecida, o Acadêmicos do Salgueiro anunciou o samba-enredo que irá levar para a Avenida em 2024.
A grande vencedora da noite foi a parceria de foi a composição escrita por Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz, Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via13, Ralfe Ribeiro.
ACADÊMICOS DO SALGUEIRO LEVA O GRITO YANOMAMI PARA
AVENIDA COM SAMBA DE PEDRINHO DA FLOR E CIA
Três parcerias finalistas se enfrentaram em noite marcada pela emoção
Com a quadra lotada até o sol raiar, o Acadêmicos do Salgueiro definiu no
início da manhã desta quinta-feira, 12 de outubro, dia de Nossa Senhora
Aparecida, o hino que levará para Marquês de Sapucaí no Carnaval de
- Aclamado pela maioria da Comunidade, o samba da parceria de foi
a composição escrita por Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz,
Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via13 e Ralfe
Ribeiro, vai embalar o enredo “Hutukara”, que retrata a luta e a
ancestralidade dos povos Yanomami.
A noite foi marcada pela alegria, emoção e pela beleza do show preparado
pela escola especialmente para a grande final. A apresentação envolveu
todos os segmentos da agremiação, que ensaiaram incansavelmente por
dias no palco da Silva Teles.
Durante a apresentação, falas do líder indígena Davi Kopenawa, foram
reproduzidas, servindo como norte para o espetáculo que contava os
últimos episódios sofridos pelos Yanomami. Davi, inclusive, foi presença
ilustríssima na festa que também contou com a presença do ex-jogador
Edmundo, das musas Bianca Salgueiro, MC Rebecca, Fernanda Figueiredo
e Ana Flávia Barcelos, anunciada na última semana como representante
do Morro do Salgueiro. A jornalista Sonia Bridi, que acompanha de perto a
luta yanomami também prestigiou à noite, ao lado da filha Mari Bridi.
A cúpula da LIESA, encabeçada pelo presidente Jorge Perlingeiro, o
vice-presidente executivo Hélio Motta e o diretor de Marketing, Gabriel
David, também marcou presença.
Sobre a disputa de samba-enredo:
A primeira das três parcerias finalistas subiu ao palco por volta das 2h45.
Cada obra contou com 25 minutos de apresentação. Não faltou animação
por parte das torcidas, que mantiveram a quadra lotada durante todo o
evento.
O presidente André Vaz destacou, antes do anúncio, que a disputa deste
ano foi muito acirrada e que belíssimas obras foram apresentadas pelos
compositores da Academia.
“Hoje é um dia muito especial para a gente, para a nossa comunidade do
Salgueiro, os torcedores do Salgueiro. Hoje é dia 12 de outubro, dia das
crianças, dia de Nossa Senhora Aparecida. E ela vai nos guiar para o
Carnaval 2024, para que a gente possa fazer um bom desfile. Do jeito
que o Salgueiro merece, que a comunidade, os seguimentos, os
torcedores merecem, para que a gente possa alcançar essa décima
estrela tão sonhada. Quero agradecer aos 23 sambas escritos, que nos
trouxeram alegria em vários sábados aqui na nossa quadra. Foi uma
disputa muito difícil pra gente votar. Vários sambas impactantes”.
Das 23 obras inscritas, a escolhida pela comissão julgadora e aclamada
por unanimidade pela comunidade, foi a composição escrita por Pedrinho
da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz, Renato Galante, Dudu Nobre,
Leonardo Gallo, Ramon Via13, Ralfe Ribeiro.
Cada compositor campeão recebeu das mãos de Davi Kopenawa, o troféu
Omama, inspirado no Oscar, a estatueta retrata a imagem de um
guerreiro Yanomami, feita em cerâmica, sem ouro, pelos próprios
Yanomamis.
Carnaval 2024:
No próximo sábado (14), a Academia do Samba não fará seu tradicional
Ensaio Show, devido a realização da Oktoberfest do Salgueiro, que
começou nesta quinta-feira e vai até domingo (15) na quadra da escola,
na Rua Silva Teles, 104.
Na quinta-feira (19), a escola fará o primeiro ensaio de comunidade com
o hino oficial.
No sábado (21), a agremiação retoma o esperado “Salgueiro Convida”,
com a presença confirmada da Unidos de Vila Isabel.
Sobre o troféu Omama (via DM9):
Em muitas culturas o ouro é o símbolo de sucesso, mas para o povo
Yanomami o ouro é a morte. Cerca de 60% do ouro brasileiro é extraído
das terras Yanomamis de forma ilegal. Todos os dias, o garimpo despeja
milhares de litros de mercúrio que envenena os rios causando fome,
morte e uma das maiores crises humanitárias atual do Brasil. E isso não é
novidade para ninguém. Por anos, os povos Yanomamis pediram ajuda e
não foram ouvidos.
Para ajudar a levar essa mensagem para todo o Brasil e para todo o
mundo, a Urihi e a DM9 entraram em uma conversa global. Levaram para
o Oscar, o evento que tem no seu troféu a representação universal do
ouro, essa estátua.
Esse é o Omama, uma alternativa à estátua original de ouro 24 quilates
do Oscar.
A imagem de um guerreiro Yanomami, feita em cerâmica, sem ouro,
pelos próprios Yanomamis. A estátua foi enviada para todos os 20
indicados ao Oscar junto a um pedido de ajuda.
A estátua virou notícia. Ganhou espaço na mídia sendo o assunto mais
comentado durante o dia da cerimônia do Oscar.
E agora chega aqui no Salgueiro, no Carnaval que é o maior espetáculo
do mundo. Para ganhar atenção de todo o planeta na luta contra o
garimpo ilegal e na proteção do povo Yanomami.
Confira a letra do samba:
É HUTUKARA! O chão de Omama
O breu e a chama, Deus da criação
Xamã no transe de yakoana
Evoca Xapiri, a missão…
HUTUKARA, ê! Sonho e insônia
Grita a amazônia, antes que desabe
Caço de tacape, danço o ritual
Tenho o sangue que semeia a nação original
Eu aprendi português, a língua do opressor
pra te provar que meu penar também é sua dor
Falar de amor enquanto a mata chora, é luta sem Flecha, da boca pra
fora! (bis)
Tirania na bateia, militando por quinhão,
e teu povo na plateia, vendo a própria extinção
“Yoasi” que se julga: “família de bem”, ouça agora a verdade que não lhe
convém: (bis)
Você diz lembrar do povo Yanomami em dezenove de abril,
mas nem sabe o meu nome e sorriu da minha fome,
quando o medo me partiu
você quer me ouvir cantar em Yanomami pra postar no seu perfil
entre aspas e negrito, o meu choro, o meu grito, nem a pau Brasil!
Antes da sua bandeira, meu vermelho deu o tom
Somos parte de quem parte, feito Bruno e Dom
Kopenawas pela terra, nessa guerra sem um cesso,
não queremos sua “ordem”, nem o seu “progresso”!
Napê, nossa luta é sobreviver!
Napê, não vamos nos render!
YA TEMI XOA! AÊ, ÊA! (BIS)
MEU SALGUEIRO É A FLECHA
PELO POVO DA FLORESTA
POIS A CHANCE QUE NOS RESTA
É UM BRASIL COCAR!
BÁRBARA MELLO
ASSESSORA DE IMPRENSA DO ACADÊMICOS DO SALGUEIRO
—
As demais são de Rogério Neves
fotógrafo Ewerton Pereira.