Noutro dia escrevi aqui na coluna “Artigo” que a Associação das Escolas
Noutro dia escrevi aqui na coluna “Artigo” que a Associação das Escolas
de Samba da Cidade do Rio de Janeiro estava à beira do abismo. Recebi à
época diversas críticas e reclamações sobre a minha opinião. Não se
tratava de uma vidência – quem sou para isso? – e sim um alerta, pois a
derrocada da Associação era uma questão de tempo. E o tempo chegou.
Fundada em 5 de março de 1952, na Rua Jacinto, 67, no Méier, Zona Norte
do Rio, com o intuito de administrar todos os grupos das escolas de
samba do Rio de Janeiro, a Associação recebeu representantes de
Beija-flor, Mangueira, Portela, Salgueiro, Imperatriz e tantas outras
agremiações Rio de Janeiro afora. Pode-se dizer que ali, foi o primeiro
local para os encontros de boa parte dessas escolas.
O tempo foi passando, e as principais agremiações do Rio se diziam
insatisfeitas com a entidade para gerir os recursos repassados a elas,
com isso aconteceu a primeira baixa: a criação da Liga Independente das
Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), que fomentou o nascimento de
outras ligas, como por exemplo a Lesga – que não deu certo – e a Lierj,
que até então, segundo a mídia especializada, seus resultados têm
premiado os melhores desfiles, sem contestações.
Neste ano, a Associação sucumbiu a mais uma liga: suas afiliadas, que
disputavam os acessos C, D e E, iniciaram um processo de adesão à Lierj,
que foi prontamente aceito. A Lierj como representante legítima passou a
assumir todos os desfiles da Intendente Magalhães e fez diversas
alterações para o carnaval. Uma delas, talvez seja a mais polêmica: 18
escolas, do agora denominado Grupo B, que antes desfilavam no domingo,
desfilarão na terça-feira de carnaval, com 40 minutos de desfile para
cada uma.
Pois é, o abismo estava logo ali, em razão da insatisfação, brigas
internas e externas, agressões, adesões às ligas, resultados contestados
na justiça entre outros fatos mais graves, que não coadunam com uma
instituição sessentona, que bem ou mal viu nascer quase todas as
agremiações do carnaval, e que agora se vê resumida à sua própria sede
na Rua Jacinto, que nunca mais será a mesma.
Por Wellington Lopes
A Rua Jacinto 67 nunca mais será a mesma