Teleconsulta do Hospital Estadual Pedro Ernesto realiza mais de 10 mil atendimentos e é referência nacional na rede pública
Teleconsulta do Hospital Estadual Pedro Ernesto realiza mais de 10 mil atendimentos e é referência nacional na rede pública
Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) têm, gratuitamente, 24 especialidades a distância, por meio de inédito serviço público digital
O serviço pioneiro do Centro de Teleconsulta do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj), em Vila Isabel, realizou, em um ano de funcionamento, 10.100 atendimentos a sete mil pacientes. O aplicativo Teleassistência Uerj, lançado em fevereiro de 2023, já é um modelo de assistência médica virtual no Sistema Único de Saúde (SUS) e poderá ser ampliado para todo o Brasil.
– A tecnologia é a nossa principal aliada na ampliação dos serviços públicos prestados pelo Estado do Rio. Ofertar serviços de saúde gratuitos e de forma remota é um avanço inédito na administração pública, que a partir deste segundo ano de funcionamento, em virtude da experiência adquirida, vai se expandir para todo o país. Um orgulho imenso para o Estado do Rio de Janeiro oferecer esse modelo de sucesso para o país inteiro – afirma o governador Cláudio Castro.
O aplicativo digital, desenvolvido pela UERJ, facilita o acesso às consultas a quem já é paciente do Complexo de Saúde da Universidade em todo o estado, permitindo que mais pessoas consigam manter em dia o acompanhamento.
Até o momento o foco era no atendimento virtual de casos de média e alta complexidade pelo perfil de atendimento do Hupe. Este ano, além da ampliação da oferta externa, o Complexo de Saúde da Uerj está adotando prontuário unificado incluindo portanto a consulta virtual na baixa complexidade.
O serviço do Hupe-Uerj foi o primeiro, vinculado ao SUS, a oferecer a teleconsulta, após a promulgação da Lei 14.510/22. Disponível gratuitamente nas lojas online Google e Apple, o aplicativo dá acesso virtual a atendimentos de 24 especialidades médicas. Ao acessar a ferramenta, o paciente é informado e precisa dizer que está ciente dos critérios dos serviços clínicos virtuais. Em média, são 28 interações por dia.
A coordenadora do Telessaúde Uerj e do Hupe Digital, professora Alexandra Monteiro, diz que os resultados quantitativos e de avaliação qualitativa pelos usuários “superou todas as expectativas”.
– Ao longo do segundo ano desta iniciativa, vamos ampliar gradativamente essa oferta para além dos pacientes atendidos no Hupe-Uerj. Nosso planejamento é atender todo o país e não só os 92 municípios do Estado do Rio. A qualidade do nosso corpo clínico multiprofissional, aliada ao aplicativo, nos credencia para isso – justifica Alexandra.
Mais confiança em equipes multidisciplinares a distância
O serviço on-line, entre outras vantagens, acelera a espera pelas consultas, adicionando à fila presencial a opção do atendimento virtual, poupando tempo e reduzindo gastos para o usuário do sistema. Moradora de São Cristóvão, a atendente de farmácia Edsandra Souza Pontes, de 43 anos, que acompanha virtualmente a filha, Alícia Victória, de 13 anos, no tratamento de um tumor na garganta, elogia a iniciativa.
– Estou extremamente satisfeita com esse tipo de atendimento. Foi a melhor coisa que inventaram. Isso está facilitando muito a nossa vida. Só gratidão – diz Edsandra, contando que a filha se sente mais à vontade em casa durante as consultas com as fonoaudiólogas Beatriz Pinagé, 28, e Gabriela Couto, 25.
A satisfação dos pacientes vai mais longe, literalmente. É o caso da cuidadora Lucilene de Paula Silva Pinheiro, de 50 anos, que mora em Rio das Ostras, na Região das Baixadas Litorâneas, a 100 km do Hupe. De lá, no conforto de sua própria casa, faz os exercícios programados pela fisioterapeuta Joseane Félix Macedo, 40, para o tratamento de sequelas respiratórias graves, resultantes da covid-19. Pelo computador, ela repete a ginástica orientada por Joseane em tempo real.
– Sinto muita falta de ar e cansaço. Mas os exercícios pela internet, com a doutora Joseane, têm me ajudado muito. Pelo computador sou atendida também por psicólogo, psiquiatra, pneumologista e cardiologista. Tem uma equipe cuidando de mim, sem sair da minha residência. É fantástico – comenta Lucilene.
O fato de não precisar se deslocar do bairro Riachuelo, na Zona Norte, até o Hupe, é considerado também “uma benção” pela técnica em enfermagem Luciana Souza dos Santos Sodré, de 47 anos.
– Eu tenho asma crônica de difícil controle desde os nove meses de idade. Perdi meu pai e alguns parentes com essa doença, associada à obesidade e hipertensão. Tenho três filhos, sendo dois autistas, e ainda cuido da minha mãe. Então só de eu não ter que me deslocar, já me ajuda muito, me cansa menos e fico perto das crianças e da minha mãezinha. Tenho tido uma vida melhor com os exercícios virtuais e os medicamentos de uso contínuo – detalha Luciana.
Tecnologia democratiza o atendimento e agiliza socorro
No ambulatório do Hupe Digital, uma equipe multidisciplinar ocupa diariamente 23 baias onde os profissionais conversam com os pacientes em consultas ou orientações sobre procedimentos. Entre as especialidades mais procuradas estão clínica médica, pediatria, cirurgia vascular, urologia, fisioterapia, nutrição e psicologia. Os pacientes conseguem, inclusive, solicitar encaminhamentos pedidos pelos médicos, como a emissão de risco cirúrgico pré-operatório.
Com diagnóstico de fibromialgia – doença crônica, que causa dores em múltiplos pontos do corpo – Daniele de Moraes, de 37 anos, recorre às sessões virtuais do Hupe Digital, desde novembro.
– Melhorei muito. A desconfiança inicial dos primeiros contatos à distância, não existe mais. O teleatendimento democratiza e agiliza o acesso à saúde – atesta Daniele.
A psicóloga Quelen Guilhermino Ferreira, que atua no programa, comenta o sucesso do tratamento de Daniele.
– Ela começou com dois atendimentos virtuais por semana e agora já passamos para somente um a cada sete dias. É fundamental democratizar o atendimento de saúde mental. A facilidade de acesso já nos permitiu evitar casos de suicídios – afirma Quelen.
Como funciona a Teleconsulta
Otimização de tempo, custos menores, segurança de dados, prestação de serviço mais assertiva, laudos médicos mais ágeis. Esses são apenas alguns dos benefícios da teleconsulta. A prática se baseia no uso da tecnologia como ferramenta para o benefício do diagnóstico, acompanhamento e tratamento do paciente, sem abrir mão da qualidade e da segurança.
A única exigência é que médico e paciente tenham acesso a dispositivos como computadores, tablets e smartphones, além da conexão à internet. Alexandra Monteiro, ressalta que, há mais de 20 anos, o Núcleo de Telessaúde Uerj investe na transformação digital e modernização dos procedimentos e vem colhendo bons resultados.
– A implementação do programa de teleconsultas da Uerj reduz as filas, a falta de pontualidade e assiduidade nas consultas pré-agendadas, pela oportunidade do atendimento pela internet. O sistema também contribui para a redução de custos e o deslocamento dos pacientes, ampliando o acesso aos serviços clínicos e hospitalares. Este modelo virou referência nas redes municipais, estaduais e federais – comemora Alexandra.
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