A 8ª Mostra Ecofalante de Cinema, considerado como o mais importante
A 8ª Mostra Ecofalante de Cinema, considerado como o mais importante evento audiovisual dedicado ao tema socioambiental da América do Sul acontece de 29/05 (sessão de abertura para convidados) e de 30/05 a 12/06, em São Paulo. No total, são exibidos 132 filmes, de 32 países. A mostra celebra a Semana Nacional do Meio Ambiente e o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho.
Programação de destaque deste ano, A Crise das Utopias e o Cinema Militante Pós-68 reúne 14 obras realizadas entre 1970 a 1984 e assinadas por grandes diretores, como Agnès Varda, Michelangelo Antonioni, Chris Marker, Frederick Wiseman e Glauber Rocha, entre outros. O evento propõe uma reflexão e revisão sobre o mundo e a sociedade que se seguiram à grande efervescência cultural dos anos 1960. Dois debates estão agendados: “Contracultura e 68” e “Ativismos Emergentes”
Sessão de Abertura:
A sessão de abertura (só para convidados) acontece no dia 29/05, quarta, às 19h30, na Reserva Cultural, com a exibição de “Bem-vindos a Sodoma” (Áustria/Gana, 2018, 92 min), de Florian Weigensamer e Christian Krönes, premiado no Festival de Zurique, que retrata o maior lixão de lixo eletrônico do mundo: Agbogloshie, em Gana. Lá, crianças e adolescentes desmontam equipamentos, em meio a fumaça tóxica, em uma rotina venenosa. (filme inédito).
Trailer: https://vimeo.com/276260242
Homenagem ao diretor brasileiro Silvio Tendler – a mostra exibe 11 de suas mais marcantes obras. O filme “O Fio da Meada” (Brasil, 2019, 77 min), que estreia no festival, acompanha a luta de caiçaras, quilombolas e indígenas para sobreviver e para tentar impedir que suas reservas naturais sejam destruídas pelo processo de urbanização.
Panorama Internacional Contemporâneo – está organizada em sete eixos temáticos: Cidades, Economia, Povos & Lugares, Recursos Naturais, Saúde (novo), Sociobiodiversidade e Trabalho. Estão reunidos um total de 44 títulos, representando obras de 22 diferentes países.
Alguns destaques:
Saúde (estreante na programação) – “Operação Enganosa” (EUA, 2018, 99 min), o documentarista indicado ao Oscar, Kirby Dick, traz as histórias de vítimas da tecnologia usada inadequadamente na medicina + “Mulheres Contra a AIDS” (EUA, 2017, 67 min), de Harriet Hirshorn, é o primeiro documentário sobre a história das mulheres na vanguarda do movimento global contra a AIDS.
Cidades – “Memórias do Oriente” (Finlândia, 2018, 86 min), de Niklas Kullström e Martti Kaartinen, tem como foco o linguista e diplomata finlandês Gustaf John Ramstedt, considerado pai da moderna Mongolística, e questiona sobre como a linguagem pode conectar as pessoas sobre fronteiras culturais; e como a economia de mercado conseguiu substituir os velhos modos do passado.
Sociobiodiversidade – “Jane” (EUA/Reino Unido, 2017, 90 min), que tem por base mais de 50 anos dos arquivos da National Geographic. Seu diretor, indicado ao Oscar, Brett Morgen conta a história de Jane Goodall, cuja pesquisa sobre chimpanzés desafiou a consenso científico e revolucionou a compreensão do mundo natural. A obra tem ainda composições do músico Philip Glass.
Recursos Naturais – “Vulcão de Lama: A Luta Contra a Injustiça” (EUA, 2018, 80 min), de Cynthia Wade e Sasha Friedlander, que conta a luta de moradores que tiveram suas vilas soterradas por um tsunami de lama em ebulição. Consagrada mundialmente, a diretora Cynthia Wade ganhou mais de 40 prêmios, com destaque para um Oscar em 2008, além de uma segunda indicação em 2013.
Povos & Lugares – “Pra Cima, Pra Baixo e Pros Lados: Cantos de Trabalho” (Índia, 2017, 83 min), selecionado pelo prestigiado Festival de Amsterdã, o IDFA. Dirigido por Anushka Meenakshi e Iswar Srikumar, retrata uma aldeia no estado indiano de Nagaland, perto da fronteira com Myanmar, com cerca de 5.000 habitantes, quase todos cultivando arroz para consumo próprio. Nele, o ritmo e o movimento de capinar, arar, plantar e colher é acompanhado por músicas e letras que ecoam pelas colinas. (Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=zJsCbJfICoY)
Trabalho- O premiado “A Verdade Sobre Robôs Assassinos” (EUA, 2018, 83 min), de Maxim Pozdorovkin, mostra como os humanos estão se tornando cada vez mais dependentes de robôs e traz os vários pontos de vista, de engenheiros a jornalistas e filósofos, que falam sobre diferentes situações em que os robôs causaram a morte de seres humanos e como eles representam uma ameaça para a sociedade.
Economia – “Eldorado” (Suíça/Alemanha, 2018, 92 min), obra premiada nos festivais de Berlim e de Palm Springs, do mesmo diretor de “Mais que Mel”. Inspirado em seu encontro pessoal com uma criança refugiada italiana durante a Segunda Guerra Mundial, o diretor Markus Imhoof conta como os refugiados e os migrantes são tratados hoje: no Mar Mediterrâneo, no Líbano, na Itália, na Alemanha e na Suíça. + “Golpe Corporativo” (Canadá/EUA, 2018, 90 min), de Fred Peabody, retrata como o Presidente Trump é o resultado de fracassadas políticas globalistas neoliberais e um “golpe corporativo”, no qual corporações e bilionários gradualmente assumiram o controle do processo político.
Mostra Brasil Manifesto (Novo programa), traz um conjunto de filmes que constroem um retrato denso e agudo do Brasil – um dos destaques é o inédito “O Amigo do Rei” (Brasil, 2019, 142 min), que faz sua estréia na Mostra Ecofalante. O filme tem como tema a maior tragédia ambiental da História do Brasil: o rompimento da barragem da Samarco em Mariana-MG e suas consequências. O trabalho anterior do diretor André D’Elia, “Ser Tão Velho Cerrado”, foi o vencedor em 2018 do prêmio do público da Mostra Ecofalante.
Competição Latino-Americana – abriga títulos da Argentina, Brasil, Colômbia, México, Peru e Venezuela, em um total de 24 obras.
A Sessão Infantil, concurso Curta Ecofalante, Debates e o 2º Seminário de Cinema e Educação, além do novo programa Realidade Virtual, completam a programação da mostra.
A programação completa está disponível no site: http://www.ecofalante.org.br
Link com todas as fotos e trailers:
https://drive.google.com/open?id=1m8yMyF81WIMeIDxVjDmVgsWXEtfm-b-2
Segue abaixo release completo.
Para mais informações e entrevistas, por favor, entre em contato.
Obrigada.abs,
Valéria
ATTi Comunicação
Valéria Blanco
11.3729-1456 / 99105-0441
valeria@atticomunicacao.com.br
8ª MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA
COM 132 FILMES DE 32 PAÍSES, O MAIS IMPORTANTE EVENTO SUL-AMERICANO DEDICADO À TEMÁTICA SOCIOAMBIENTAL TEM SUA MAIOR EDIÇÃO
* A maior mostra de cinema gratuita de São Paulo tem seu circuito de exibição ampliado
* O Panorama Histórico traz ciclo A Crise das utopias e o cinema militante pós-68
* Homenagem ao cineasta brasileiro Silvio Tendler
* Novo programa: Mostra Brasil Manifesto
* Sete Debates no Panorama Internacional Contemporâneo
* Lançamentos na Competição Latino-Americana
* Concurso Curta Ecofalante traz filmes de diversos estados
* Sessão Infantil com lindíssimas animações internacionais
* Filmes de Realidade Virtual
* Segunda edição do Seminário de Cinema e Educação
* Filmes da mostra estarão na plataforma Spcine Play
Um ciclo sobre as utopias e o cinema militante pós-68 (com obras assinadas por grande diretores do cinema), uma homenagem ao diretor brasileiro Silvio Tendler, o Panorama Internacional Contemporâneo, a Sessão Infantil e o 2º Seminário de Cinema e Educação, além dos novos programas Mostra Brasil Manifesto e Realidade Virtual.
Estas são algumas atrações da oitava edição da Mostra Ecofalante de Cinema, considerado como o mais importante evento audiovisual dedicado ao tema socioambiental da América do Sul. Todas as atividades são gratuitas e acontecem de 29 de maio a 12 de junho. No total, são exibidos 132 filmes, de 32 países. A mostra celebra a Semana Nacional do Meio Ambiente e o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho.
O circuito de exibição foi ampliado e as sessões acontecem na salas Reserva Cultural, Espaço Itaú de Cinema – Augusta, Centro Cultural Banco do Brasil, no Circuito Spcine com as salas do Centro Cultural São Paulo, Cine Olido, Cidade Tiradentes, Roberto Santos, 15 unidades dos CEUs, além do Sesc Campo Limpo, seis Fábricas de Cultura, seis Casas de Cultura, três Centros Culturais da Prefeitura, totalizando 39 espaços, além de estar presente na plataforma Spcine Play.
Uma apresentação do Ministério da Cidadania e Secretaria Especial da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo – por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa – e da Ecofalante, a Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada através da Lei de Incentivo à Cultura e do Programa de Apoio à Cultura (ProAC). Tem patrocínio do Mercado Livre, apoio da White Martins e da Kimberly-Clark e parceria do Sesc. É uma produção da Doc & Outras Coisas, co-produção da Química Cultural, correalização da Embaixada da França no Brasil, do Consulado Geral da França em São Paulo, do Instituto Francês do Brasil, do Centro Cultural Banco do Brasil, da Spcine e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. A realização é da Ecofalante, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, do Ministério da Cidadania e do Governo Federal.
A Crise das Utopias e o Cinema Militante Pós-68 é o tema do Panorama Histórico deste ano e traz obras primas assinadas por diretores como a franco-belga Agnès Varda, o italiano Michelangelo Antonioni, o francês Chris Marker, os norte-americanos Frederick Wiseman e Robert Kramer e o brasileiro Glauber Rocha, entre outros. Inédita, a seleção reflete sobre o mundo e a sociedade que se seguiram à grande efervescência cultural dos anos 1960. Entre os destaques, estão “Zabriskie Point”, sobre o contexto cultural da época; “Uma Canta, A Outra Não”, filme militante e um musical feminista; os vencedores do Oscar “Os Tempos de Harvey Milk” e “Corações e Mentes”; “O Leão de Sete Cabeças”, que Glauber Rocha dirigiu em um país africano fictício; e “O Fundo do Ar é Vermelho”, um balanço das utopias daquele que foi um século de luta e resistência. A retrospectiva traz ainda em primeira mão a versão restaurada do clássico de Guy Debord, “A Sociedade do Espetáculo” e ainda a versão restaurada pelo Instituto Arsenal da Alemanha do filme de Ruy Guerra “Mueda Memória e Massacre”, filmado em Moçambique no momento que se seguiu à sua libertação nacional. “Abrigo Nuclear” de Roberto Pires, que será igualmente exibido em cópia restaurada também faz parte da programação. O Panorama Histórico tem apoio da Embaixada da França no Brasil e do Instituto Goethe.
O homenageado desta edição, o brasileiro Silvio Tendler, merece uma mostra com onze títulos, incluindo obras de referência como “Os Anos JK – Uma Trajetória Política” (1980) e “Jango” (1984), duas das maiores bilheterias do cinema documental brasileiro de todos os tempos. A programação inclui ainda “Dedo na Ferida”, grande vencedor da 7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental na categoria ‘Longas’ da Competição Latino-Americana, “O Veneno Está na Mesa” e “O Veneno Está na Mesa 2”, além do recente “O Fio da Meada”, que estréia na Mostra e que aponta alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis. Estão na programação, entre outros, “Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá” e “Glauber o Filme, Labirinto do Brasil”.
Já o novo programa Mostra Brasil Manifesto traz títulos recentes assinados por diretores brasileiros de destaque, como “Amazônia, o Despertar da Florestania” da atriz Christiane Torloni e do cineasta Miguel Przewodowski; “Frans Krajcberg: Manifesto”, da realizadora Regina Jehá; a nova produção do premiado diretor Orlando Sena, “A Idade da Água”; o inédito “O Amigo do Rei”, de André D’Elia, (diretor de “Ser Tão Velho Cerrado”, vencedor em 2018 do prêmio de público da Mostra Ecofalante); e o longa-metragem, assinado por André di Mauro, “Humberto Mauro”, homenagem ao importante realizador pioneiro.
O programa Panorama Internacional Contemporâneo, um dos principais focos da programação do festival, reúne 44 obras e se organiza em sete eixos temáticos: Cidades, Economia, Povos & Lugares, Recursos Naturais, Saúde, Sociobiodiversidade e Trabalho. Entre os destaques está “Frente Atômica”, sobre cidadãos de uma cidade estadunidense que lutam contra a negligência governamental que permitiu um lixão radioativo em seus quintais, “Ecos de Istambul”, sobre vendedores ambulantes de Istambul que tem sua cultura e sua própria subsistência ameaçadas pela gentrificação; “Jane” , filme sobre a pioneira primatóloga Jane Goodall que utiliza imagens de arquivo de mais de 50 anos da National Geographic, “Antropoceno: A Era Humana”, selecionado pelos festivais de Berlim e Sundance; “Vulcão de Lama: A Luta Contra a Injustiça”, da diretora Cynthia Wade, ganhadora do Oscar em 2008; “Pra Cima, Pra Baixo e Pros Lados: Cantos de Trabalho”, que retrata uma aldeia no estado indiano de Nagaland; “A Verdade Sobre Robôs Assassinos”, que mostra como os humanos estão se tornando cada vez mais dependentes de robôs, e “Eldorado”, obra premiada no festival de Berlim inspirada com uma criança refugiada italiana.
Um total de 24 produções estão incluídas na Competição Latino-Americana deste ano, representando obras da Argentina, Brasil, Colômbia, México, Peru e Venezuela. No júri, estão os cineastas Tadeu Jungle e Lina Chamie, além do crítico Heitor Augusto.
Já o Concurso Curta Ecofalante reúne 13 títulos, com trabalhos produzidos em Alagoas, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Santa Catarina, completando todas as regiões do país.
A Sessão Infantil traz cinco curta-metragens exibidos em grandes e importantes festivais internacionais, como o Short Film Corner do Festival de Cannes, Festival de Animação de Annecy, Animamundi e Dok Leipzig.
A nova sessão Realidade Virtual exibe projetos que se valem dessa nova tecnologia e expandem os limites da linguagem audiovisual para dar ao espectador a sensação de que ele foi transportado para um outro espaço e uma outra realidade. Participam “Mudanças Climáticas: O Preço do Banquete” (Brasil), que viaja aos confins da terra para descobrir as pessoas e os lugares mais atingidos pelas mudanças climáticas, e “Micro-Gigantes” (China), uma animação realista que permite experimentar o ecossistema a partir da perspectiva única do “micro mundo” dos insetos.
Entre as atividades paralelas, ganha destaque a segunda edição do Seminário de Cinema e Educação, uma reflexão sobre o potencial pedagógico do uso do cinema na escola, em uma promoção do Sesc São Paulo e da Ecofalante. O teórico e professor de cinema Ismail Xavier ministra a masterclass “O Que o cinema ainda tem a ensinar às novas gerações”. Já o professor da Unesp de Rio Claro César Leite aborda “O que pode o cinema na escola? Experiências, corte, montagens, espacialidades e encontros”. O Seminário acontece nos dias 3 e 4 de junho, no Centro de Pesquisa e Formação do SESC.
As atividades da Mostra Ecofalante de Cinema podem ser acessadas através dos seguintes links:
facebook.com/mostraecofalante
twitter.com/MostraEco
instagram.com/mostraecofanlate
www.ecofalante.org.br
Sobre a Programação
1 – Panorama Histórico
Programação de destaque deste ano, A Crise das Utopias e o Cinema Militante Pós-68 reúne 14 obras realizadas entre 1970 a 1984 e assinadas por grandes diretores, como Agnès Varda, Michelangelo Antonioni, Chris Marker, Frederick Wiseman e Glauber Rocha, entre outros. Dois debates estão agendados: “Contracultura e 68” e “Ativismos Emergentes”.
O evento propõe, assim, uma reflexão sobre o mundo e a sociedade que se seguiram à grande efervescência cultural dos anos 1960, às utopias, aos sonhos de revolução, às promessas de uma vida mais fraterna e libertária. Trata-se de uma oportunidade de se revisar aquele período pós-utópico no qual uma geração, ao mesmo tempo em que tentava juntar os cacos daquilo que caia por terra, não se furtava a abraçar novas lutas.
Destaca-se “Zabriskie Point” (EUA, 1970, 114 min), em que o mestre Michelangelo Antonioni faz seu primeiro filme norte-americano, em que mergulha no contexto cultural da época, marcado, entre outros, pelo embate entre defensores e contestadores de uma sociedade cada vez mais pró consumo, esvaziada de sentido, em que o clima é de repressão e, ao mesmo tempo, resistência. A trama se inicia num campus universitário onde, após um protesto, um estudante suspeito de abater um policial foge. Em seu caminho, ele encontra uma estudante hippie. Juntos, ambos tomam o rumo das paisagens abertas do Vale da Morte, na Califórnia.
Dirigida pela recém falecida realizadora Agnès Varda, “Uma Canta, A Outra Não” (França, 1977, 120 min) é um filme militante e um musical feminista. Ele retrata duas personagens bastante diferentes: Pomme é uma cantora idealista, enquanto Suzanne torna-se mãe precocemente e tem que moldar sua vida a partir desse fato. Apesar disso, elas se mantêm unidas por fortes laços de amizades e sororidade.
Vencedor do Oscar de melhor documentário, “Os Tempos de Harvey Milk” (EUA, 1984, 88 min), de Robert Epstein, apresenta a carreira política de Harvey Milk, primeiro supervisor municipal de São Francisco assumidamente gay, desde sua ascensão enquanto ativista de bairro até tornar-se um símbolo da luta pelos direitos civis dos homossexuais.
Assinado pelo brasileiro Glauber Rocha durante seu exílio, “O Leão de Sete Cabeças” (Brasil/Itália/França, 1970, 103 min) se passa em um país africano fictício, onde dois homens, um latino-americano e um africano, unem forças para lutar contra o governo, que encontra-se em mãos europeias e norte-americanas.
Já “O Fundo do Ar é Vermelho” (França, 1977, 180 min) retraça a história das utopias daquele que foi um século de luta e resistência, mas também de opressão e violência. O diretor Chris Marker divide seu filme em duas partes: “As Mãos Frágeis”, em que 1968 e a Guerra do Vietnã aparecem como eventos chave e aglutinadores de movimentos sociais emergentes; e “As Mãos Cortadas”, em que mostra o declínio das utopias que marcaram a geração 1968. A versão exibida pela Mostra Ecofalante foi restaurada em 2008 e é a última validada por Marker.
Do cineasta brasileiro de origem moçambicana Ruy Guerra, a programação exibe “Mueda, Memória e Massacre” (Moçambique, 1979, 75 min), obra selecionada nos festivais de Berlim, Locarno e Roterdã e restaurada recentemente pelo Instituto Arsenal da Alemanha – é esta versão que a Mostra Ecofalante exibe. O filme documenta uma reconstituição do massacre de Mueda, ocorrido em 1960 e levado a cabo por portugueses no distrito de mesmo nome em Moçambique. O episódio sangrento significaria uma virada na história da luta contra o colonialismo no país, pois é a partir daí que emerge a Luta Armada de Libertação Nacional.
Destaque na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes em 1975, “Milestones” (EUA, 1975, 206 min) é um épico dos diretores Robert Kramer e John Douglas. Trata-se de um mosaico que reúne histórias e depoimentos de pessoas que, no momento de crise das utopias de esquerda dos anos 1970 ainda tentam viver de acordo com seus princípios. O filme retrata, em última instância, um momento de passagem, em que um ideal de coletividade perde cada vez mais terreno para valores pautados em torno do consumo e do culto ao individualismo.
Um retrato coletivo de mulheres trabalhadoras de uma fábrica de roupas na Alemanha Oriental, “Ela” (Alemanha, 1970, 30 min) teve sua versão restaurada exibida este ano no Festival de Berlim. Sua direção é assinada pela veterana Gitta Nickel, uma das mais prolíficas cineastas da antiga RDA (Alemanha Oriental). As protagonistas falam sobre relacionamentos e planejamento familiar, educação de filhos e qualificação profissional, direitos das mulheres e igualdade na sociedade socialista.
Vencedor do Oscar de melhor documentário, “Corações e Mentes” (EUA, 1974, 102 min), de Peter Davis, tornou-se um marco emblemático sobre a Guerra do Vietnã. O filme disseca a ideologia que engendrou e sustentou este trágico episódio da história americana e mostra o que foram os horrores do conflito para aqueles que o viveram in loco. Imagens chocantes às quais a sociedade norte-americana não tinha tido até então acesso vêm à tona.
No documentário “Carne” (EUA, 1976, 112 min), dentro do estilo observacional que lhe é próprio, documentarista Frederick Wiseman examina o processamento da carne, desde o boi no pasto até o hambúrguer. A produção é amplamente automatizada e os trabalhadores são mostrados como uma engrenagem da linha de produção. Ao mesmo tempo em que traz um retrato seco e duro do mundo do trabalho, este filme acaba por questionar as escolhas e o modo de vida da sociedade de consumo, numa década em que esse tipo de crítica começava a aparecer de maneira contundente.
“Angela Davis, Retrato de uma Revolucionária” (EUA, 1972, 62 min), de Yolande Du Luart, traça um retrato da professora de filosofia, membro do Partido Comunista e dos Panteras Negras, Angela Davis. Realizado entre o outono de 1969 até o incidente envolvendo a morte do estudante Jonathan P. Jackson, em 1970, pelo qual ela seria acusada e perseguida. O filme, que tem participação de Jane Fonda, dá vazão àquilo que a própria Angela Davis declara quando diz que se considera em estado de mobilização permanente.
Os anos 1970 viram a emergência de diversos filmes de ficção científica que propunham cenários distópicos em um mundo pós-desastre ambiental. No Brasil, em 1981, momento em que a discussão sobre o nuclear ganhava corpo, o diretor Roberto Pires filma “Abrigo Nuclear”, um marco do cinema brasileiro, apresentado aqui em sua versão restaurada. O longa-metragem (Brasil, 1981, 85 min) mostra o planeta contaminado por múltiplas explosões nucleares e os sobreviventes dos eventos vivem sob o solo, num abrigo controlado por cientistas. Após um acidente dentro do local, um grupo de rebeldes decide desafiar as restrições impostas e subir para a superfície.
O filósofo francês Guy Debord foi um dos pensadores da Internacional Situacionista e da Internacional Letrista e seus textos pautaram o ideário de Maio de 1968. Em “A Sociedade do Espetáculo” (França, 1973, 88 min), Debord transforma em filme o livro de mesmo nome, hoje um tratado crítico, clássico pioneiro sobre o papel das imagens produzidas pela mídia na cooptação da vida das pessoas na era do capitalismo avançado. O filme acaba de ser restaurado e esta versão será exibida pela primeira vez no Brasil pela Mostra Ecofalante.
Dirigido pelo cineasta Celso Luccas e pelo dramaturgo, ator e diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, “25” (Brasil/Moçambique, 1975, 140 min) foi filmado durante as comemorações que se seguiram à independência de Moçambique. O filme aborda o processo de libertação do país, passando pela história da resistência e luta do povo moçambicano contra 400 anos de opressão e dominação colonialista. Os realizadores percorrem as diferentes fases da colonização, desde a invasão de Vasco da Gama ao início da conscientização descolonizadora, passando pela resistência, massacres e pelos dez anos de guerra popular contra o exército português.
2 – Homenagem: Silvio Tendler
Referência da cinematografia brasileira, o carioca Silvio Tendler é homenageado pela Mostra Ecofalante, que exibe onze de suas mais marcantes obras. O cineasta é conhecido por abordar em seus filmes personalidades como os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek, o cineasta Glauber Rocha e Milton Santos, considerado como um dos maiores geógrafos do mundo. Nascido em 1950, Tendler já produziu e dirigiu mais de 80 títulos, entre longas, médias e curtas-metragens, além de séries televisivas.
A programação inclui “Dedo na Ferida” (Brasil, 2017, 91 min), grande vencedor da 7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental na categoria ‘Longas’ da Competição Latino-Americana. O filme trata do fim do estado de bem-estar social e da interrupção dos sonhos de uma vida melhor para todos em um cenário onde a lógica homicida do capital financeiro inviabiliza qualquer alternativa de justiça social.
O diretor assina duas das maiores bilheterias do cinema documental brasileiro de todos os tempos, presentes na programação. Tendo alcançado 800 mil espectadores nas salas comerciais, “Os Anos JK – Uma Trajetória Política” (Brasil, 1980, 110 min) retrata a eleição de Juscelino Kubitschek, o nascimento de Brasília e o golpe militar. Já “Jango” (Brasil, 1984, 114 min) refaz a trajetória política de João Goulart, o 24° presidente brasileiro, que foi deposto por um golpe militar nas primeiras horas de 1º de abril de 1964. A obra chegou a impressionante marca de um milhão de espectadores.
O filme “O Fio da Meada” (Brasil, 2019, 77 min) estreia no festival. Aqui, acompanhamos a luta de povos tradicionais brasileiros contra a urbanização opressora, denunciando a violência no campo e nas comunidades tradicionais. No filme, caiçaras, quilombolas e indígenas lutam para sobreviver e para tentar impedir que suas reservas naturais sejam destruídas pelo processo de urbanização.
“O Veneno Está na Mesa” (Brasil, 2011, 50 min) retrata como o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no planeta, com 5,2 litros por ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública. Após impactar o Brasil mostrando as perversas consequências do uso de agrotóxicos, sua continuação, “O Veneno Está na Mesa 2” (Brasil, 2014, 70 min), apresenta uma nova perspectiva, em que atualiza e avança na abordagem do atual modelo agrícola nacional e de suas consequências para a saúde pública. O filme apresenta experiências agroecológicas empreendidas, com alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis, que respeitam a natureza, os trabalhadores rurais e os consumidores. Por sua vez, “Agricultura Tamanho Família” (Brasil, 2014, 58 min) focaliza como no Brasil, dos quase cinco milhões de estabelecimentos rurais, 4,5 milhões correspondem a iniciativas de agricultura familiar, que se utilizam de estratégias de produção em pleno acordo com o meio ambiente, produzindo a maior parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. Ao lado de “O Veneno Está na Mesa” e “O Veneno Está na Mesa 2”, este filme forma a “Trilogia da Terra” do diretor Silvio Tendler.
Quando o mundo estava pautado pelo pensamento único da globalização, o professor Milton Santos foi a voz discordante denunciando as perversidades do que chamou de “globaritarismo”, sistema econômico que provoca a concentração de riqueza entre os ricos e que distribui mais pobreza para os desfavorecidos. O longa-metragem “Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá” (Brasil, 2006, 90 min) apresenta a última entrevista do geógrafo, na qual ele traça um painel das desigualdades entre o Norte rico e o mundo do Sul saqueado, apresentando alternativas e um prognóstico otimista sobre o futuro da humanidade.
Documentário sobre a vida e a morte de Glauber Rocha, o polêmico cineasta baiano que revolucionou o cinema, “Glauber o Filme, Labirinto do Brasil” (Brasil, 2003, 97 min) traz imagens do seu enterro, depoimentos recentes de quem acompanhou sua trajetória, seu pensamento e idéias, explodem na tela num filme-tributo à memória de um artista que idealizava um cinema independente e libertário. O filme integrou a competição oficial do Festival de Cannes.
Finalmente, “Utopia e Barbárie” (Brasil, 2009, 120 min) é um road movie que passa pela Itália, EUA, Brasil, Vietnã, Cuba, Uruguai, Chile, entre outros, documentando lugares e protagonistas da história, a fim de reconstruir uma narrativa do mundo a partir da Segunda Guerra Mundial. Mas tão importante quanto os temas retratados é o olhar do autor, que se constrói à medida em que o filme vai acontecendo, de maneira a dar voz a diferentes personagens, independentemente de suas orientações político-partidárias, com o objetivo de chegar a um rico painel de nossa época.
3 – Brasil Manifesto
Novo programa da Mostra Ecofalante, a Mostra Brasil Manifesto, traz um conjunto de filmes que constroem um retrato denso e agudo do Brasil, voltando seu olhar para questões primordiais que abarcam nossas identidades e nossa história. São cinco obras recentes, assinadas por nomes conhecidos, como Orlando Senna, Regina Jehá e a dupla Christiane Torloni e Miguel Przewodowski.
“Amazônia, o Despertar da Florestania” (Brasil, 2018, 111 min) aborda como o meio ambiente vem sendo tratado desde o início do século 20. Seus realizadores resgatam personagens históricos e reúnem depoimentos de representantes dos mais diversos segmentos ligados ao tema. Assinam a obra a atriz Christiane Torloni e o cineasta Miguel Przewodowski.
Em “Frans Krajcberg: Manifesto” (Brasil, 2018, 96 min) a realizadora Regina Jehá nos apresenta ao artista plástico, escultor, gravurista e fotógrafo, Frans Krajcberg. Enquanto se prepara para ser homenageado na 32ª Bienal de Arte de São Paulo, desvela suas memórias e reflexões. O artista, falecido em novembro de 2017, lutou por diversas causas, entre elas a preservação da floresta amazônica.
Nova produção do premiado cineasta Orlando Senna, “A Idade da Água” (Brasil, 2018, 82 min) alerta sobre a questão da falta de água no planeta e sobre a cobiça internacional pela Amazônia, o maior reservatório de água doce do planeta. Além de concentrar 20% da água potável do mundo, a Amazônia é a região com maior possibilidade de manter seus mananciais nas próximas décadas, graças à umidade de sua floresta.
O inédito “O Amigo do Rei” (Brasil, 2019, 142 min) faz sua estréia na Mostra Ecofalante. O filme tem como tema a maior tragédia ambiental da História do Brasil: o rompimento da barragem da Samarco em Mariana-MG e suas consequências. O trabalho anterior do diretor André D’Elia, “Ser Tão Velho Cerrado”, foi o vencedor em 2018 do prêmio do público da Mostra Ecofalante.
Exibido nos festivais de Veneza, Roterdã e Havana, o longa-metragem, assinado por André di Mauro, “Humberto Mauro” (Brasil, 2018, 90 min) presta homenagem ao importante realizador, que viveu de 1897 a 1987 e é considerado um dos pioneiros do cinema latino-americano. Tendo como fio condutor uma entrevista gravada com Humberto Mauro nos anos 1960, o filme é um amplo painel dinâmico e humano sobre a criatividade e o cinema do realizador.
4 – Panorama Internacional Contemporâneo
Um dos principais focos da programação do festival, o Panorama Internacional Contemporâneo está organizada em sete eixos temáticos: Cidades, Economia, Povos & Lugares, Recursos Naturais, Saúde, Sociobiodiversidade e Trabalho. Estão reunidos um total de 44 títulos, representando obras de 22 diferentes países.
Estreante na programação, a temática Saúde traz cinco obras. “Frente Atômica” (EUA, 2017, 96 min) trata de cidadãos de uma cidade norte-americana que lutam contra a negligência governamental e corporativa que levaram ao despejo permanente de resíduo nuclear em duas comunidades de St. Louis. A produção foi vencedora dos prêmios de melhor documentário no International Docs Awards e no Festival de Uranium, entre outros. Sua diretora, Rebecca Cammisa, já havia conquistado o Oscar de melhor documentário em 2012 por “God is The Bigger Elvis”. “Soldados Atômicos” (EUA/Holanda, 2018, 23 min), de Morgan Knibbe, retrata, “soldados atômicos” que, depois de mais de quatro décadas de silêncio forçado, compartilham suas inimagináveis experiências com testes de bombas nucleares nos anos 1950. Em “Operação Enganosa” (EUA, 2018, 99 min), o documentarista indicado ao Oscar, Kirby Dick, traz as histórias de vítimas da tecnologia usada inadequadamente na medicina e expõe assustadoras más práticas corporativas e as complexas brechas legais que permitem que essas empresas saiam impunes. Já em “Ebola: Sobreviventes” (Serra Leoa/EUA, 2018, 86 min) o cineasta Arthur Pratt apresenta um retrato de Serra Leoa durante o surto de Ebola, expondo a complexidade da epidemia e da agitação sócio-política que a envolve. Por sua vez, “Mulheres Contra a AIDS” (EUA, 2017, 67 min), de Harriet Hirshorn, é o primeiro documentário sobre a história das mulheres na vanguarda do movimento global contra a AIDS. O filme revela como as mulheres não apenas formaram grupos de base como o ACT-UP nos EUA, mas como também exerceram funções essenciais na prevenção do HIV e no movimento de acesso ao tratamento em toda a África Subsaariana.
Em Cidades estão cinco títulos, entre eles “Ecos de Istambul” (Canadá/França, 2017, 100 min), de Giulia Frati, sobre vendedores ambulantes de Istambul que estão sendo despejados de seus bairros. Dirigido por de Anamika Haksar, “Sonhos da Velha Delhi” (Índia, 2018, 121 min) mescla realismo documental e fantástico, histórias verdadeiras e fictícias com poesia e sonhos, para criar uma carta de amor à cultura sincrética da Velha Deli e à sua história. O filme foi vencedor de melhor nova direção no Festival Kerala. Um road movie passado no Extremo Oriente da Mongólia e do Japão, “Memórias do Oriente” (Finlândia, 2018, 86 min), de Niklas Kullström e Martti Kaartinen, tem como foco o linguista e diplomata finlandês Gustaf John Ramstedt, considerado pai da moderna Mongolística, e questiona sobre como a linguagem pode conectar as pessoas sobre fronteiras culturais; e como a economia de mercado conseguiu substituir os velhos modos do passado. “Retrato Chinês” (Hong Kong, 2018, 79 min), de Xiaoshuai Wang, retrata em poses imóveis operários e trabalhadores da construção civil, agricultores, viajantes, mineiros e estudantes. Trata-se de uma viagem à sociedade, política, história, arquitetura, crença e família através da visão de um artista chinês sobre a China contemporânea. Por sua vez, “A Cidade do Futuro” (EUA, 2017, 9 min), de Chad Freidrichs nos mostra o projeto Minnesota Experimental City, uma tentativa futurista de resolver problemas urbanos criando uma cidade nova a partir do zero.
Seis títulos compõem a temática Sociobiodiversidade, com destaque para “Jane” (EUA/Reino Unido, 2017, 90 min), que tem por base mais de 50 anos dos arquivos da National Geographic. Seu diretor, indicado ao Oscar, Brett Morgen conta a história de Jane Goodall, cuja pesquisa sobre chimpanzés desafiou a consenso científico e revolucionou a compreensão do mundo natural. A obra tem ainda composições do músico Philip Glass. Premiado no conceituado Festival de Tribeca (EUA), “Quando Cordeiros se Tornam Leões” (EUA/Quênia, 2018, 76 min), o filme de Jon Kasbe retrata um traficante de marfim no Quênia que luta para manter seu sustento enquanto forças se mobilizam para destruir seu comércio. Já “A Luta de Silas” (Canadá, 2017, 80 min), de Anjali Nayar, nos apresenta o ativista liberiano Silas Siakor e sua equipe de repórteres que apoiam comunidades tradicionais ao investigar as estruturas de poder que ameaçam suas terras. O filme foi premiado no Directors Guild of Canada, no Festival de Durban, além de ser vencedor do Amnesty International Human Rights Award.
Selecionado nos festivais de Berlim, Sundance, entre outros, “Antropoceno: A Era Humana” (Canadá, 2018, 87 min) documenta evidências da dominação humana no planeta em uma meditação cinematográfica sobre a reengenharia massiva humana no planeta. Abrangendo diversos países, o filme revela em imagens impressionantes como nossa mania de conquista define nossa relação com a Terra – e como criamos uma epidemia global. Trata-se da terceira colaboração entre o premiado fotógrafo Edward Burtynsky e os cineastas Jennifer Baichwal e Nicholas de Pencier. “Genesis 2.0” (Suíça, 2018, 113 min), de Christian Frei, acumulou premiações nos festivais de Moscou, Sundance e Seul ao investigar a possibilidade da ressurreição de espécies extintas. O filme acompanha um grupo dos chamados “caçadores de mamutes”, nas remotas ilhas no norte da Sibéria. Já “A História do Porco (em Nós)” (Bélgica, 2017, 120 min), de Jan Vromman, mostra nossa relação com esse animal que, por sua gula, se torna metáfora para a infinita ganância humana.O filme foi destaque em eventos internacionais como os festivais Vision du Réel e European Film Festival.
Em Recursos Naturais, está entre os destaques “Vulcão de Lama: A Luta Contra a Injustiça” (EUA, 2018, 80 min), de Cynthia Wade e Sasha Friedlander, que conta a luta de moradores que tiveram suas vilas soterradas por um tsunami de lama em ebulição. Consagrada mundialmente, a diretora Cynthia Wade ganhou mais de 40 prêmios, com destaque para um Oscar em 2008, além de uma segunda indicação em 2013. “Éden Sombrio” (Canadá/Alemanha, 2018, 80 min), de Jasmin Herold e Michael Beamish, focaliza a cidade de Fort McMurray, no norte do Canadá, que abriga o maior projeto industrial do planeta, Athabasca Oil Sands (areias betuminosas). Um lugar de oportunidades desenfreadas onde sonhos podem se tornar realidade e pessoas de todo o mundo buscam fortunas. “Éden Sombrio” explora a realidade por trás do sonho de uma vida melhor. Já a animação “Carga Alheia” (França, 2017, 6 min) de Auguste Denis, Emmanuelle Duplan, Valentin Machu e Malenaie Riesen, acompanha os dias vividos por um personagem que vive, trabalha, come e dorme em seu navio de carga. Um dia, ele fica sem comida e, para não morrer de fome, deve sair de sua rotina de conforto. O longa-metragem “As Cinzas do Carvão” (2017, 82 min) de Michael Bonfiglio, foi selecionado pelo Environmental Media Awards e mostra comunidades da indústria do carvão diante do futuro frente a administração Trump. A obra vai além da retórica da “guerra ao carvão” para apresentar histórias convincentes e comoventes sobre o que está em jogo para nossa economia, saúde e clima. Premiado no Festival de Sundance e selecionado por diversos eventos internacionais, o impressionante “A Terra dos Sábios” (Bélgica, 2016, 84 min), de Pieter-Jan De Pue, gira em torno de gangues de crianças afegãs que adquirem velhas minas soviéticas e mantém um rígido controle sobre caravanas no deserto. Exibido em festivais na Alemanha e na Suíça, “O Tribunal do Congo” (Alemanha/Suíça, 2017, 100 min), de Milo Rau, aborda os 20 anos de guerra civil e atrocidades geradas pela ganância em um conflito que já custou a vida de mais de 6 milhões de pessoas no Congo.
Povos & Lugares, uma das temáticas favoritas do público do Panorama Internacional Contemporâneo, reúne sete títulos, como “Pra Cima, Pra Baixo e Pros Lados: Cantos de Trabalho” (Índia, 2017, 83 min), selecionado pelo prestigiado Festival de Amsterdã, o IDFA. Dirigido por Anushka Meenakshi e Iswar Srikumar, retrata uma aldeia no estado indiano de Nagaland, perto da fronteira com Myanmar, com cerca de 5.000 habitantes, quase todos cultivando arroz para consumo próprio. Nele, o ritmo e o movimento de capinar, arar, plantar e colher é acompanhado por músicas e letras que ecoam pelas colinas. Conforme a estação progride, o tom muda e a música fica cada vez mais hipnótica. Em “Ma’Ohi Nui” (Bélgica, 2018, 113 min), de Annick Ghijzelings, surge uma outra face da colonização contemporânea na Polinésia francesa, nascida dos 30 anos de testes nucleares. Vemos o impulso vital do povo Maohi tentando sobreviver e buscar o caminho da independência. A multi-premiada animação “Obon” (Alemanha, 2018, 15 min), de André Hörmann e Anna Samo, focaliza uma sobrevivente ao bombardeio atômico de Hiroshima: no meio da destruição total, ela encontra um momento de felicidade. Em “A Ausência dos Damascos” (Paquistão/Alemanha, 2018, 49 min), de Daniel Asadi Faezi, uma aldeia nas montanhas é atingida por um deslizamento de terra. O que resta são as pessoas e suas histórias, transmitidas de uma geração para outra. “O Botanista” (Canadá, 2017, 20 min), de Maude Plante-Husaruk e Maxime Lacoste-Lebuis, se passa após a queda da União Soviética, quando o Tajiquistão mergulhou em uma devastadora guerra civil. Uma fome atingiu a região montanhosa do Pamir, onde Raïmberdi, um botânico apaixonado e engenhoso, construiu sua própria estação hidrelétrica para ajudar sua família a sobreviver à crise. Premiado no Festival de Zurique, na Suíça, “Bem-vindos a Sodoma” (Áustria/Gana, 2018, 92 min), de Florian Weigensamer e Christian Krönes, retrata o maior lixão de lixo eletrônico do mundo: Agbogloshie, em Gana. Lá, crianças e adolescentes desmontam equipamentos, em meio a fumaça tóxica, em uma rotina venenosa.
No eixo Trabalho estão nove títulos. O premiado “A Verdade Sobre Robôs Assassinos” (EUA, 2018, 83 min), de Maxim Pozdorovkin, mostra como os humanos estão se tornando cada vez mais dependentes de robôs e traz os vários pontos de vista, de engenheiros a jornalistas e filósofos, que falam sobre diferentes situações em que os robôs causaram a morte de seres humanos e como eles representam uma ameaça para a sociedade. Já o curta-metragem “Garotas de Plástico” (Coréia do Sul, 2017, 7 min), de Nils Clauss, mostra bonecas robôs que, com movimentos lentos e graciosos e mensagens geradas digitalmente, contribuem para a sexualização do espaço público em frente às instalações de seus proprietários. “Cinzas e Brasas” (França, 2018, 71 min), de Manon Ott, traça um retrato poético e político de subúrbio da classe trabalhadora em processo de mudança, cuja perspectiva está entre o trabalho flexível e o desemprego. Ao mesmo tempo, nos convida a conhecer seus habitantes: uma jornada do anoitecer ao amanhecer onde, enquanto falam de suas vidas, eles também expressam sua revolta e busca pela liberdade. Em “Bisbee’17” (EUA, 2018, 112 min), obra vencedora de premiações e dirigida por Robert Greene, uma antiga cidade mineira na fronteira do Arizona (EUA) com o México finalmente conta com seu dia mais sombrio: a deportação de 1.200 imigrantes mineiros, exatamente há 100 anos. Os moradores locais colaboram para encenar recriações de seu passado controverso. Em “Como se Forjou o Aço” (Croácia, 2018, 12 min), de Igor Grubić, um pai leva seu filho para uma fábrica abandonada onde havia trabalhado. A visita se torna um momento de catarse e restabelece a relação entre pai e filho. “Stratum” (Reino Unido, 2018, 12 min), de Jacob Cartwright e Nick Jordan, explora a genealogia social, cultural e ecológica de uma região pós-industrial. Já “Sinfonia Industrial” (Polônia, 2018, 61 min), de Jaśmina Wójcik, trabalha com sons e memória do corpo, fazendo com que os ex-operários de uma fábrica re-encenem um dia de trabalho. “Dedos Ágeis” (Itália, 2017, 52 min), de Parsifal Reparato, mostra mulheres vietnamitas que trabalham em fábricas de algumas das marcas eletrônicas mais populares. São milhares de jovens trabalhadoras migrantes vindas de aldeias remotas nas terras altas do norte do Vietnã que agora vivem em um subúrbio de Hanoi, um distrito desenvolvido em torno de um dos maiores locais de produção industrial do mundo. Por sua vez, “CamperForce” (EUA, 2017, 16 min), de Brett Story, foi exibido no festival canadense Hot Docs, um dos mais importantes eventos de documentários do mundo. Na obra, o sonho norte-americano é reescrito à medida que a crise econômica faz com que aposentados se mudem para trailers e se unam a uma força de trabalho temporária.
Finalmente, na temática Economia, destaca-se “Eldorado” (Suíça/Alemanha, 2018, 92 min), obra premiada nos festivais de Berlim e de Palm Springs, do mesmo diretor de “Mais que Mel”, filme de abertura da 2ª Mostra Ecofalante. Inspirado em seu encontro pessoal com uma criança refugiada italiana durante a Segunda Guerra Mundial, o diretor Markus Imhoof conta como os refugiados e os migrantes são tratados hoje: no Mar Mediterrâneo, no Líbano, na Itália, na Alemanha e na Suíça. “A Indústria do Leite” (Alemanha/Itália, 2017, 91 min), de Andreas Pichler (mesmo diretor de “A Síndrome de Veneza, exibido em nossa 3ª edição), foi premiado no Fünf Seen e Green Screen International Wildlife. A obra promove um olhar crítico no sistema de leite, permitindo conhecer os fazendeiros, proprietários de laticínios, políticos, lobistas, ONGs e cientistas. O filme revela verdades surpreendentes. “Golpe Corporativo” (Canadá/EUA, 2018, 90 min), de Fred Peabody, retrata como o Presidente Trump é o resultado de fracassadas políticas globalistas neoliberais e um “golpe corporativo”, no qual corporações e bilionários gradualmente assumiram o controle do processo político. No filme estão as histórias das vítimas finais – classe trabalhadora e pessoas pobres em “zonas de sacrifício”. Já “Os Despossuídos” (Canadá/Suíça, 2018, 81 min), de Mathieu Roy, focaliza uma jornada impressionista que lança luz sobre a luta diária de agricultores famintos do mundo. Nesta era da agricultura industrializada, em todo o mundo, as pessoas que produzem alimentos recebem menos do que qualquer outra profissão. Parte cinema-vérité, parte ensaio, o filme examina os mecanismos pelos quais os agricultores estão caindo em um sombrio ciclo de desespero, dívida e desapropriação. “Superalimentos” (Canadá, 2018, 66 min), de Ann Shin, revela o efeito cascata da indústria dos superalimentos, super-nutricionais, nas famílias de agricultores e pescadores mundo afora, explorando paisagens e povos da Bolívia, Etiópia e do arquipélago de Haida Gwaii, no Canadá. “A Mentira Verde” (Áustria, 2018, 93 min), de Werner Boote, focaliza carros elétricos, alimentos sustentáveis e comércio justo… E como grandes empresas querem nos convencer de que podemos salvar o mundo apenas com o consumo consciente, mas isso não passa de uma mentira muito difundida e perigosa. “Utopia Revisitada” (Áustria, 2018, 91 min), de Kurt Langbein, mostra como a economia de mercado levou prosperidade aos países desenvolvidos às custas dos outros, gerando cada vez mais desigualdade.
5 – Competição Latino-Americana