SE LIGA . A.E.S.C.R.J

AESCRJ
Acesso B, Acesso C, Acesso D, Carnaval 2013, Carnaval 2014
Por Wellington Lopes
Fundada em 5 de março de 1952, após a fusão da União Geral das Escolas
de Samba do Brasil (Ugesb) e da Federação Brasileira de Escolas de
Samba (FBES), cujo objetivo era administrar todos os grupos das
escolas do Rio de Janeiro, inclusive o Grupo 1-A (atual Grupo
Especial), a Associação das Escolas da Cidade do Rio de Janeiro
(AESCRJ) vem ao longo de sua história perdendo visibilidade,
credibilidade e, notoriamente, se esvaindo perante às suas afiliadas.
Hoje, aos 61 anos, a Associação vive uma longa crise administrativa,
que basicamente começou em 1984, quando afiliadas do Grupo 1-A,
insatisfeitas com a administração e com a sua representatividade à
época, fundaram a Liga das Escolas de Samba do Estado do Rio de
Janeiro, a Liesa.
Ainda sim, a Associação manteve sob o seu poder escolas que desfilavam
na Marquês de Sapucaí pelos grupos de acesso A e B e mais as que
compunham o carnaval da Intendente Magalhães (grupos C, D e E). A
partir daí, criações de ligas motivadas pelos conflitos entre
afiliadas e a entidade passaram a ser contínuas. Tanto que em 2008 as
escolas do Grupo A decidiram criar a Lesga (Liga das Escolas do Grupo
Acesso), e com isso, a Associação passou a administrar, na Marquês de
Sapucaí, somente o Grupo B, porém, não por muito tempo.
Dois anos mais tarde, as agremiações desse grupo também se filiaram à
Lesga, deixando exclusivamente para a Associação a administração das
escolas desfilantes da Intendente Magalhães. Em contrapartida, a
Lesga, cuja proposta pautava-se na credibilidade e na transparência,
foi extinta em função de diversas irregularidades, tais como mudanças
no regulamento, privilégio a escolas ligadas à diretoria e de
resultados duvidosos. Inconformadas com esses fatos, escolas
integrantes desse grupo criaram, em 2012, mais uma liga, a Liga das
Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), que no carnaval deste ano,
não só agradou as agremiações participantes, como também a mídia de
uma forma geral. A Lierj englobou os grupos A e B em um só grupo, que
passou a ser denominado de Série A.
Consequentemente, administrar de forma diminuta os três grupos da
Intendente, sob as novas nomenclaturas (grupos B, C e D), já seria
suficiente para a manutenção da sexagenária Associação, entretanto, a
cada ano, especialmente em razão da insatisfação generalizada entre as
afiliadas quanto a notas de jurados, às intimidações entre
representantes, às ameaças e até mesmo às agressões físicas, diversos
processos jurídicos foram impetrados para destituir as três últimas
gestões. A atual diretoria sequer ainda conseguiu completar um ano no
comando da entidade.
O que mais incomoda a todos que amam o samba, o carnaval e por
conseguinte as escolas de samba são os recorrentes “disse me disse”
sobre os resultados antes, durante e depois da apuração na
Quarta-Feira de Cinzas, quando são tecidos comentários a respeito de
quem vai ganhar e de quem vai cair, principalmente no Grupo Especial.
Faz parte da nossa cultura, até mesmo para os leigos, os argumentos de
que tudo é armado etc, etc. Se nesse grupo tão fiscalizado, observado
perante às câmaras e aos olhos do mundo inteiro é assim, o que dizer
dos grupos de acesso, carentes de mídia, especialmente os
administrados pela Associação, cujas notícias ao invés de serem
publicadas nas seções de cultura, são impressas nas editorias
policiais?
Muito além das aberrações observadas nos últimos desfiles, o carnaval
deste ano, um fato curioso chamou a atenção da mídia especializada: no
Grupo D, a última divisão, todas as escolas receberam nota 10 de todos
os jurados em todos os módulos, nos quesitos samba-enredo e bateria.
Até agora, as justificativas não apareceram, e o resultado mais uma
vez está nas mãos da Justiça.
Atualmente, no mundo no qual vivemos, uma sociedade vigiante e
exigente 24 horas por dia está presente, em decorrência da
parafernália tecnológica, não cabe mais às entidades gestões amadoras
e incompatíveis com as histórias dessas agremiações, que outrora
marcaram época e contribuíram significantemente de uma forma ou de
outra para o nosso carnaval. Ou Associação se adequa à modernidade, à
transparência e ao justo, ou, seja sob qual gestão estiver, correrá
sério risco de sucumbir a mais uma liga e ficar à beira do abismo,
para não dizer próxima à extinção.

1.
Ricardo Delezcluze

Precisa e perfeita a análise Wellington. Poucos parecem se importar
com os rumos da AESCRJ. Só os fanáticos pelas escolas de samba e os
que fazem um trabalho bonito como o do Batuque.com. Passam os anos e
as crises se renovam. Uma pena que todas as tentativas de moralização
da entidade são rechaçadas por mais que alguns dirigentes lutem na
entidade, sempre são minoria em relação aos que perpetuam a crise.
Infelizmente o poder público não parece muito interessado em orientar
um novo rumo para as coisas. Que as lições sejam assimiladas e as
coisas se ajustem…
Antonio Costa

Muito relevante e oportuna a matéria.
As pessoas que se identificam e gostam do carnaval deveriam sempre
lutar pela moralização. Não foi diferente com a AESCRJ nessa sucessiva
troca de comando. Cabe salientar que a gestão de zezinho orelha foi
boa até aparecerem algumas possíveis irregularidades que poderiam ser
resolvidas de imediato, pois a maioria ou todos os Presidentes o
apoiovam. Essas pequenas irregularidades cresceram em dimensão e
descontentamento pela presença de pessoas na administração que os
presidentes não aceitavam. A eleição foi marcada e o próprio zezinho
orelha colocou sua chapa, com o erro de continuar levando ao seu lado
pessoas que os Presidentes não aceitavam. Uma nova diretoria foi
colocada em seu lugar para administrar a favor de suas filiadas, mas
como se pode notar o descontentamento por parte da maioria é muito
grande. Tenho certeza que a AESCRJ voltará as páginas que lhe são
conferidas: A do carnaval, da alegria, do contetamento, da satisfação
e muito orgulho ficarão as Escolas de sambas e suas comunidades que
ali estão inseridas e o mundo do samba em geral. Seja com essa
administração, com a próxima ou com outra esse objetivo será
alcançado. O carnaval não é cuíca pra chorar.

JA. <yuricin@gmail.com>

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